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RIO TEM MAIS DE 1 MILHÃO DE CASAS EM ÁREAS DE RISCO DE ENCHENTES E DESLIZAMENTOS, APONTA RELATÓRIO

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BAIXADA FLUMINENSE
- As mudanças climáticas e a falta de medidas públicas deixam em alerta as pessoas que vivem em áreas de risco. No estado do Rio, mais de 1 milhão de casas ficam em regiões que podem sofrer enchentes e deslizamentos.

Em Magé, na Baixada Fluminense, moradores que já perderam muito em alagamentos convivem com o medo de novas chuvas.

A ambulante Maria Vieira dos Santos diz que já perdeu muitos móveis durante as enchentes. “Já perdi guarda-roupa, colchão, cama do meu filho, do meu outro neto que eu crio, só não perdi do meu filho que é um pouquinho alta, entendeu? Mas toda vez que chove alaga”, diz.

Maria mora em Magé e tem um filho com deficiência. Ela já pensou muitas vezes em se mudar para tentar fugir dessa situação.

“Só que não tem condições de pagar um aluguel, porque cuidando de um filho especial, eu gasto muito com ele. Só ganho um salário, então eu não posso deixar de comprar as coisas dele para pagar aluguel.”

Situação crítica em Magé

Na Região Metropolitana do Rio, o município de Magé é o que tem o maior número de casas em áreas de inundações. É o que aponta um relatório da Associação Casa Fluminense.

São 73 mil casas em regiões de risco, o que corresponde a 66% dos endereços da cidade. No bairro Bongaba, existem 136 casas, e quando chove forte todas alagam.

“Ah, fica uns quatro dias, cinco dias até baixar. [Já perdi] muita coisa, perdi porque como trabalho lá pra baixo eu ganho e vou reformando”, diz a cuidadora Daiana Cristina da Silva.

O bairro foi erguido uma década atrás, numa área pantanosa entre os rios Tibira e Caioaba. Não tem rede de esgoto nem infraestrutura.

“Esgoto a céu aberto, precisamos muito de saneamento básico”, fala um morador.

O relatório aponta também que 1 a cada 5 domicílios da Região Metropolitana do Rio estão em áreas de risco de inundações, o equivalente a pouco mais de 1 milhão de endereços — a maioria no Rio e Grande Rio.

São dados e indicadores que mostram como a falta de planejamento e negligência do poder público se refletem na vida da população.

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Segundo o relatório, de 2020 a 2023, 140 pessoas morreram e 690 ficaram feridas em eventos relacionados a chuvas e deslizamentos no estado. Além disso, 95 mil casas foram danificadas e quase 900 destruídas — um prejuízo de quase R$ 1 bilhão para as famílias afetadas e de quase R$ 500 milhões para os cofres públicos.

Moradores do Bongaba reclamam do descaso de gestores. A prefeitura anunciou uma festa pelo aniversário da cidade no próximo mês, com vários shows de artistas famosos. A comemoração vai ser na Arena Magé, que fica praticamente ao lado do bairro onde falta tudo.

“Isso é vida? Não é né? Que aniversário de Magé? A gente que mora a mais ou menos cem metros passando por esse tipo de coisa?”, diz uma moradora.

“Eles prometem as coisas, como vai ter o evento, gastam milhões e não vem ajudar a olhar por nós aqui entendeu?”, fala outra mulher.

O que dizem os envolvidos

Em nota, o Governo do Rio informou que, desde 2021, investe R$ 4,3 bilhões em obras de infraestrutura em todo o estado. Além disso, na Região Metropolitana, R$ 571,7 milhões foram investidos entre 2023 e 2024 em obras de infraestrutura que previnem os transtornos causados pelas fortes chuvas.

De acordo com o governo, são 36 obras de drenagem e contenção de encostas, sendo 13 em fase de contratação. Além disso, o Plano de Contingência para as Chuvas prevê que, em 2024, mais de R$ 3 bilhões sejam destinados à prevenção.

"O Governo do Estado irá entregar cerca de 3 mil unidades habitacionais para atender famílias da região Metropolitana. Em Duque de Caxias, a Secretara Estadual de Habitação está construindo 423 moradias. No complexo do Alemão, 935 unidades. O governo divulgou chamamentos públicos, por meio do programa Minha Casa Minha Vida, que visam a construção de 1394 moradias, sendo 730 no Complexo do Alemão; 200 no Jacarezinho; 70 em Benfica e 60 no Centro do Rio. Vale ressaltar que o programa Habita + Subsidiado, lançado pelo governo, vai conceder o maior subsídio habitacional do Brasil, com R$ 25 mil para famílias darem entrada na casa própria. Cerca de 14 mil famílias serão beneficiadas apenas na primeira fase do programa", comunicou.

"O Sistema de Alerta de Cheias, do Instituto Estadual do Ambiente, monitora em tempo real, desde 2008, o nível dos rios e da chuva. A ferramenta conta com uma rede composta por 104 estações instaladas em 35 municípios fluminenses que monitoram 61 cursos d’água. Importante destacar que o Programa Limpa Rio, do Instituto Estadual do Ambiente, já retirou 2.500.300 metros cúbicos de sedimentos em 303 corpos hídricos, totalizando uma extensão de 321 km. Já a Defesa Civil, que recebeu investimentos de cerca de R$ 1 bilhão em tecnologia por meio do Corpo de Bombeiros, conta com diversas ferramentas para a prevenção de desastres, como o Sistema de Monitoramento, Alerta e Alarme, com 202 sirenes e 70 pluviômetros mantidos pelo Governo do Estado", concluiu.

Fonte: G1/ODia
Link: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/05/17/rj-tem-mais-de-1-milhao-de-casas-em-areas-de-risco-de-enchentes-e-deslizamentos-aponta-relatorio.ghtml

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