O prefeito do Rio, Eduardo Paes, na posse Chiquinho Brazão na secretaria de Ação Comunitária — Foto: Divulgação |
POLÍTICA - Depois de manter na prefeitura entre outubro do ano passado e fevereiro deste ano o deputado federal Chiquinho Brazão, preso no domingo acusado de mandar matar Marielle Franco, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), publicou nesta terça-feira a exoneração do substituto dele, Ricardo Abrão, e de outras pessoas indicadas pelo Republicanos. O partido comandava a secretaria de Ação Comunitária.
Apesar de ainda estarem filiados ao União Brasil, Brazão e Abrão são considerados quadros do Republicanos e só permanecem no outro partido por questões burocráticas. Nos bastidores, a sigla ligada à Igreja Universal sinaliza agora que vai romper com o prefeito e desembarcar da aliança dele à reeleição, mas o movimento ainda é visto com ceticismo pela classe política. A legenda é a principal mais à direita até então garantida por Paes, que deve receber o apoio de siglas de esquerda e centro-esquerda, como o PT.
Entre aliados do prefeito, a leitura é de que a situação vai se contornar e que o partido voltará à base. O presidente estadual do Republicanos é o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, que esteve nesta segunda-feira em Brasília com o chefe nacional do partido, Marcos Pereira.
No domingo, Chiquinho foi preso junto com um dos irmãos e “patrono” do clã Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TRE-RJ) Domingos Brazão. Quando foi nomeado por Paes para a secretaria, em outubro do ano passado, o deputado ainda não estava envolvido na investigação da morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes, mas o irmão, sim.
Abrão, portanto, foi indicado pelo Republicanos como substituto em fevereiro, depois dos indícios de que Chiquinho poderia estar no foco das apurações da Polícia Federal. Agora exonerado, o ex-secretário é sobrinho do bicheiro Anísio Abraão David.
No partido ligado à Universal, o discurso é de que as demissões de hoje foram feitas sem comunicado prévio. Quem assume o cargo deixado por Abrão é a ex-secretária Marli Peçanha.
A associação entre Paes e a família Brazão no passado recente pretende ser explorada por adversários na campanha deste ano – sobretudo pelo bolsonarismo, representado na candidatura de Alexandre Ramagem (PL).
Fonte: O Globo
Link: https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2024/03/26/caso-marielle-republicanos-ameaca-romper-com-paes-apos-prefeito-demitir-substituto-de-chiquinho-brazao.ghtml
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