Em reunião com Daniela, o presidente disse à ministra haver um pedido explícito da União Brasil pela mudança e afirmou que, por ela ter pedido desfiliação do partido, é natural que a legenda requisite o cargo.
Segundo interlocutores, Lula ainda não efetivou a troca porque o governo ainda negocia uma "saída honrosa" com o grupo político da ministra, enquanto o Palácio do Planalto busca ter clareza do apoio que a União Brasil dará se o cargo for entregue ao deputado Celso Sabino (PA).
Daniela e seu marido, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, pediram cargos no segundo escalão no Rio de Janeiro, como o comando da SPU (Secretaria de Patrimônio da União) e de hospitais federais. Também esperam ser recompensados com emendas, em especial na saúde.Segundo negociadores do governo, é possível que o pleito seja atendido, mas isso ainda está em discussão.
Já com a União Brasil o Palácio do Planalto precisa acertar o que pode ceder ainda ao partido, que já tem três pastas na Esplanada (incluindo o Turismo) e o controle de estatais, como a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste).
Além do próprio Ministério do Turismo, a legenda pressiona para comandar a Embratur, hoje presidida pelo ex-deputado Marcelo Freixo (PT-RJ), e os Correios, dirigidos pelo advogado Fabiano Silva, do grupo petista ligado ao Prerrogativas.
A pressão pela saída de Daniela foi motivada por uma demanda da União Brasil quando ela e Waguinho pediram para deixar a legenda.
Desde então, a União Brasil, que integra o grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vem pressionando o Palácio do Planalto para substituir Daniela por Celso Sabino. A operação é vista por aliados como um passo importante para Lula conseguir ampliar sua base política na Casa.A sinalização do presidente de que deve concretizar a troca foi feita à própria ministra e a Waguinho, em reunião no Palácio do Planalto.
O ministro da SRI (Secretaria de Relações Institucionais), Alexandre Padilha (PT), também participou e, mais tarde, afirmou que o encontro foi para analisar uma demanda "natural" da União Brasil.
"Tem um processo que é natural, de um partido que, avaliando os ministros que indicou, quer rediscutir isso", disse. "Isso é absolutamente natural para quem está no mundo da política. O que importa é que em nenhum momento tem qualquer questionamento sobre o trabalho da ministra Daniela."
Daniela foi eleita deputada pela União Brasil no Rio de Janeiro, mas pediu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a desfiliação. Ela negocia a ida para o Republicanos.No início do ano, uma série de reportagens da Folha mostrou a ligação dela e de seu grupo político com milicianos do Rio de Janeiro. À época, Lula minimizou os elos, dizendo se tratar apenas de fotos, o que não é a realidade, já que as relações são amplas e vão além das imagens.
A ministra esteve nesta terça em uma comissão na Câmara e deverá participar de audiência no Senado nesta quarta (14). Lula aguarda que Daniela faça um balanço da sua gestão na reunião ministerial no Planalto prevista para quinta (15).
Após a reunião com o presidente, Daniela minimizou a sua situação política. Em suas redes sociais, escreveu que a reunião foi para tratar dos projetos para fortalecer o turismo.
"Apresentei ao presidente Lula alguns dos projetos e ações do Ministério do Turismo para os próximos meses. Seguimos juntos no trabalho para fortalecer o turismo como vetor de desenvolvimento econômico e social do nosso Brasil", escreveu.
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