Nunca a Baixada Fluminense
teve uma safra de políticos tão alheios aos compromissos formalizados numa campanha eleitoral como na legislatura encerrada laconicamente nesta segunda-feira (31).
Simplesmente, a classe política da região jogou no lixo milhões de votos que recebeu nas eleições municipais de 2008. A crise sanitária que tomou conta dos municípios da região, com destaque para os casos de Duque de Caxias, Belford Roso e Nova Iguaçu, precisam ser entendidos pelo cidadão que os políticos eleitos há quatro anos simplesmente se divorciaram da condição de agentes públicos para se transformarem em “croupiers” de uma casa de tolerância em que todos os crimes são tolerados r incentivados, desde que garantam o lucro do dono do negócio escuso.
Sem levarmos em conta possíveis irregularidades na contratação das empresas para varrição de ruas e coleta de lixo domiciliar, o que se viu foi o descumprimento dos contratos sem que as ditas autoridades responsáveis tomassem qualquer providência, quer no sentido de punir os inadimplentes, quer na imediata rescisão dos contratos, com a declaração formal da inidoneidade das prestadoras de serviço Locanty (Duque de Caxias e Belford Roso) e Delta (Nova Iguaçu), que foram destaques nas páginas policiais dos maiores veículos do País, que, como pena complementar, seriam impedidas de firmar contratos com órgãos públicos de todo o país.
A impunidade chegou ao ponto do Secretário do Meio Ambiente de Duque de Caxias vir a público acusar o prefeito do Rio, Eduardo Paes, de responsável pelos monturos de lixo que tomaram ruas e praças do município simplesmente por ter fechado, sem aviso prévio, o lixão do Jardim Gramacho, uma excrescência que reunia toneladas de lixo da Região Metropolitana, empilhados á beira do espelho d’água da Baía de Guanabara há mais de 35 anos, o que poderíamos chamar de lixo da Ditadura implantada em 1964.
Em setembro de 2011, o prefeito Zito, de Duque de Caxias, chamou ao seu gabinete os donos da Locanty e deu um prazo peremptório até o dia 1º de outubro para que a empresa regularizasse a coleta e disposição final do lixo. Um ano depois, nada fora feito e a Locanty continuou a faturar R$ 234 mil reais por dia para levar o lixo de um lado para o outro da cidade, contando com a complacência da administração municipal. Nem a multa aplicada ao município no valor de R$ 1,85 milhão – que será paga pelo contribuinte – foi motivo para que governo e a prestadora de serviços regularizassem a coleta de lixo. A pena posterior, aplicada pela Justiça, de R$ 50 mil diários para o prefeito e de R$ 234 mil para a Locanty assustou os responsáveis pelo caos na cidade. Afinal, caberia ao Ministério Público, autor da ação de improbidade que resultou nas multas diárias aplicadas ao prefeito e à Locanty, fiscalizar o devido cumprimento da ordem judicial. Ocorre que, em fim de ano, a Justiça entra em recesso e MP segue junto. Assim, só na volta do recesso do judiciário o MP irá verificar se o ex-prefeito Zito e a Locanty cumpriram a determinação judicial e limparam a cidade.
Para o cidadão comum, que paga impostos e tem o direito de receber, em troca, serviços de qualidade tanto na limpeza pública, como no saneamento, no abastecimento de água e energia elétrica, fica a sensação de que ele não passa de um palhaço nesse enorme circo chamado Brasil.
Fonte: Caxias Digital por Alberto Marques
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