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Mutirão de coleta de lixo em São João de Meriti — Foto: Divulgação / prefeitura de São João de Meriti |
Belford Roxo é outra cidade da Baixada Fluminense a anunciar déficit no caixa
Depois de Belford Roxo, São João de Meriti foi a segunda cidade da Baixada Fluminense a decretar calamidade financeira este ano. Nas eleições de 2024, os dois municípios tiveram os candidatos apoiados pelos então prefeitos derrotados nas urnas e, portanto, uma nova gestão se iniciou este ano.
Em Meriti, o prefeito, Léo Vieira (Republicanos), decretou calamidade financeira, alegando déficit de R$ 400 milhões nas contas. Por isso, anunciou medidas, como o corte de 30% nos contratos administrativos (com exceção de serviços essenciais) e a redução de 20% na folha de pagamento de servidores. Até o carnaval de rua deste ano foi suspenso. Os recursos serão redirecionados para “áreas prioritárias”. A prefeitura ressalta que, “em um cenário favorável no ano de 2026, poderá contribuir com a folia”. As medidas vão vigorar por 4 meses.
Segundo o decreto, as unidades de saúde da cidade “estão operando em capacidade reduzida”, com dificuldade em manter até serviço de emergência.
Já a coleta de lixo — a população reclama de acúmulo de resíduos na rua, mau cheiro, moscas, ratos e baratas — conta com “ações emergenciais” para regularização. A prefeitura informa que, em dez dias, um mutirão feito com apoio do governo estadual recolheu mais de 5 mil toneladas de lixo e entulho. Uma segunda etapa, iniciada nos últimos dias, vai percorrer vias secundárias da cidade.
Vieira disse que seu antecessor, Dr. João, deixou R$ 400 mil nas contas da prefeitura, frente a uma folha de R$ 35 milhões para 12 mil servidores. E na última semana, os cofres de Meriti tiveram outro baque: por inadimplência, a União bloqueou R$ 18 milhões do repasse do Fundo de Participação dos Municípios e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
— A situação é de calamidade. A última parcela do leilão da Cedae já acabou. Ele (o prefeito anterior, Dr. João) usou para pagar fornecedores e parte da folha — diz Léo Vieira.
Antecessor diz que herdou dívida
Procurado pelo EXTRA, Dr. João (PL) afirma que tratou do assunto com Léo Vieira pessoalmente, no fim de 2024, quando explicou que a dívida também foi herdada por ele. O ex-prefeito diz que a gestão anterior à sua recebeu recursos do PAC, do governo federal, mas “não executou as obras, não prestou contas” e teria que devolver cerca de R$ 300 milhões. Além desses valores, haveria dívida com a Caixa, de empréstimos antigos.
— Ele está agindo de maldade. Essa dívida é herdada do governo anterior. (Léo Vieira) Está usando isso de forma política, querendo me desfigurar — defendeu-se o ex-prefeito, que criticou ainda o aumento no número de secretarias em 2025: — Tem coerência?
A prefeitura informa que “a equipe financeira está realizando auditorias para analisar as folhas de pagamento e os contratos” e ressalta que “nenhuma área será prejudicada e serviços essenciais “não vão parar”.
Belford Roxo: fim dos 15 dias para fazer contas
Em Belford Roxo, o estado de calamidade financeira foi decretado no primeiro dia da gestão de Márcio Canella (União). O decreto detalhou déficit projetado em R$ 216 milhões, além de saldo de restos a pagar de governos anteriores de mais de R$ 200 milhões. Após relatar ter encontrado a sede do município sem computadores nem torneiras, Canella determinou que a prefeitura ficasse fechada por 15 dias, prazo que acabou ontem, para a “transição de governo”, com “auditoria preliminar, contabilização de recursos e verificação de acervo e outras medidas pertinentes”.
Procurado, o ex-prefeito Waguinho (Republicanos) não respondeu até o fechamento desta edição. Logo após a denúncia de que a sede da prefeitura estava sem equipamentos, ele negou ter retirado qualquer item do prédio.
O economista Mauro Osório avalia haver um “ciclo vicioso” nas cidades da Baixada, que viveram uma explosão demográfica no século passado sem serem acompanhadas de investimentos em infraestrutura:
— A Baixada merece ter uma política integrada de infraestrutura, com repasses dos governos estadual e federal.
Fonte: Extra - Editado
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