Ticker

8/recent/ticker-posts

Veja as propostas de Celso do Alba e Zito para Duque de Caxias, disputada pelos Reis

Candidatos a Prefeitura de Duque de Caxias em 2024, Zito, Netinho Reis e Celso do Alba.
Foto: Agenda do Poder

DUQUE DE CAXIAS - Para candidato do União, cidade tem sistema de saúde fake; já ex-prefeito e nome do PV afirma que adversário do MDB mora na Zona Sul do Rio, não conhece o município da Baixada

Segunda cidade fluminense em número de eleitores e com um dos maiores orçamentos do Estado do Rio, o comando de Duque de Caxias é disputado pelas famílias Reis e Zito. Os dois grupos se revezam no poder há pelo menos 24 anos.

Candidato do PV, o ex-prefeito José Camilo Zito tenta voltar ao Executivo. Ele concorre com Netinho Reis (MDB), novato lançado pelo ex-prefeito Washington Reis para manter a prefeitura na família. Zito e Netinho concorrem com Celso do Alba (União), presidente da Câmara Municipal que rompeu recentemente com a família Reis e tem o apoio do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar.

Os três candidatos são os mais bem colocados na briga pelo cargo de prefeito. Saiba quais as propostas de Alba e Zito, além da visão de ambos os candidatos sobre a política em Duque de Caxias.

Convidado para as entrevistas promovidas pelo EXTRA, Netinho Reis não quis participar.

Celso do Alba, candidato do União Brasil a prefeito de Duque de Caxias.
Foto: Divulgação

‘Virou uma dinastia, passa de pai para filho’

Celso do Alba (União)

O senhor já está no terceiro mandato de vereador e chegou à presidência da Câmara Municipal. Por que decidiu concorrer ao Executivo?

Sou morador de Duque de Caxias há 49 anos e vivenciava toda aquela realidade, da cidade como um todo e especialmente da minha região, o 2º Distrito. Como vereador, a gente sempre tentou materializar diversas indicações, mas vemos vários impasses no Executivo. Em Duque de Caxias são dois grupos políticos que se alternam no poder há 24 anos: a família Reis e a família Zito. E a cidade só funciona no Instagram. Para as pessoas serem atendidas nos aparelhos públicos, não são perguntadas onde moram, e sim de qual grupo político elas fazem parte.

O senhor se elegeu para dois mandatos pelo MDB e foi aliado da família Reis. Por que só percebeu recentemente os problemas do governo?

Porque a gente fica ouvindo a voz que vem das ruas, e a realidade é totalmente diferente do que eles (família Reis) colocam no Instagram. Virou uma dinastia aqui, parece uma empresa que passa de pai para filho. Uma cidade com quase R$ 5 bilhões de orçamento, gastam R$ 2 bilhões na Saúde, e os hospitais continuam com superlotação. Estou propondo o programa “Médico Cidadão”, que consiste em comprar todos os horários vagos dos médicos especialistas da cidade para atender à população. As pessoas vão às unidades públicas e só recebem medicamentos paliativos.

Sua candidatura é apoiada pelo presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), provável candidato a governador em 2026, contra alguém do grupo de Washington Reis. Sua candidatura antecipa essa disputa em nível municipal?

Hoje, o Bacellar virou uma espécie de unanimidade entre os pares em relação à sucessão do governo Cláudio Castro. Ele tem demonstrado espírito público, percorrido os 92 municípios ao lado do governador. E mantido diálogo com todos os partidos, sem fazer distinção se é direita ou esquerda. Então, Bacellar é um grande quadro.

O seu candidato a vice, Marcelo Dino, tem um apelo no bolsonarismo. A polarização nacional entrou na campanha da cidade?

O grupo dos Reis está tentando se apoiar nessa bandeira (com Bolsonaro), o Zito também querendo se apoiar hoje no PT, que não era seu aliado. Mas temos que tentar pensar no povo de Caxias. Outra questão é a segurança pública. A gente precisa dar um choque de ordem nessa cidade. E o deputado Marcelo Dino aceitou meu convite para estar na chapa, casando bem com isso, até pela sua trajetória (Dino fez carreira como policial militar, antes de se eleger deputado estadual). Tem que haver enfrentamento, porque é muito bandido na rua. Temos que gerar expectativa de futuro para esses jovens. Porque nas comunidades, hoje, só é respeitado quem porta uma Bíblia, e o ídolo desse jovem é aquele meliante que porta uma arma.

O terceiro mandato do Zito terminou marcado pela crise do lixo. Enxerga alguma marca negativa no terceiro mandato do Washington Reis?

A saúde fake de Duque de Caxias.

O senhor propôs concurso para a Guarda Municipal. Enxerga alguma relação entre a falta de funcionários efetivos e o serviço que vem sendo prestado e criticado?

Por eles contratarem muitos cabos eleitorais, o serviço não funciona. É preciso uma reformulação em todas as áreas. Falei da Guarda porque há muito tempo não tem concurso, mas todas as áreas estão defasadas. Contrataram 20 mil agentes de trânsito. Estão gastando R$ 30 milhões para pintar meio-fio e praça. São gastos eleitoreiros.

Tentativa de volta: Zito é cotado para disputar a prefeitura de Duque de Caxias.
Foto: Cléber Júnior/22.07.2019

‘Sabe onde Netinho Reis mora? É garoto do Leblon’

Zito (PV)

O PV é seu sétimo partido. O senhor já passou pelo PSDB, no auge da disputa nacional com o PT. A que se deve esse seu realinhamento político, agora na base de Lula?

Já não me passava mais pela cabeça disputar uma campanha eleitoral, e muito menos para prefeito. Mas eu fui convidado pelo PV. Isso me empolgou porque veio do André Lazaroni, que é filho da professora Dalva Lazaroni, que foi a primeira mulher eleita vereadora em Duque de Caxias, e iniciei a carreira política ao lado dela em 1988.

Duque de Caxias é uma cidade que deu majoritariamente votos para o ex-presidente Bolsonaro em 2022. Essa polarização nacional terá algum papel na eleição deste ano?

Sou um político que tem muita gratidão e amor à minha cidade. Simpatizei com o PV e por isso estou candidato, sem ter essa preocupação de direita ou esquerda.

Como o senhor construiu sua aliança?

O PT sempre esteve ao lado dos meus adversários. Agora, como todos os meus adversários estavam ao lado do ex-presidente Bolsonaro, optei por estar ao lado do Lula. Percebo que o atual governo federal, com o qual já trabalhei algumas vezes quando fui prefeito, com a Dilma e com o próprio Lula, avançamos muito em Duque de Caxias: o Teatro Raul Cortez, a Biblioteca Pública Leonel Brizola, o Polo Gás-Químico foram trazidos em parceria com eles. Agora temos vontade de poder avançar mais, trazendo o metrô, por exemplo.

Se eleito, o senhor terá que governar com muitos desses vereadores. Como fará?

Dá para abrir diálogo, sim. O problema é que os políticos atuais estão em um dinamismo de compra de votos, boca de urna, facilitando coisas para as pessoas que não têm uma percepção de que isso não é correto. Mas acredito que as coisas estão mudando.

Desde 2008, as eleições tiveram participações do senhor e de Washington Reis (em 2020, o senhor não pode concorrer e lançou sua filha, Andreia). Numa cidade com carências, como convencer o eleitor a dar mais uma chance a quem já teve três governos?

Não é dar uma chance. É acreditar que de novo eu vou mudar a cidade. Quando governei essa cidade, a arrecadação era de R$ 12 milhões por mês; hoje, são R$ 470 milhões por mês. Quando comecei meu governo, a grande maioria das ruas não tinha asfalto. Era lama. Eu cresci na lama, sei o que é isso, viver na poeira, no lixo. Com a Educação de péssima qualidade. Estudei numa escola que era formada por três salinhas de aula. Passei por tudo isso. Tirei a cidade daquela fama de bangue-bangue, de só viver nas páginas policiais dos jornais.

Fala-se muito na “maldição do terceiro mandato”. O seu terminou com a crise do lixo e com uma condenação por improbidade. O senhor reconhece algum erro?

Houve alguns erros. O primeiro foi não enxergar o que era um golpe. O lixo foi um golpe que o próprio Washington Reis agora declarou, em um programa de rádio. Ele usa a palavra “sabotagem”. Foi uma crueldade que foi feita em nossa cidade, porque eles sabiam que eu chegaria a governador. Nos meus primeiros mandatos, não fui em busca de aliados políticos nem da juventude. Hoje estou em busca de ambos. Existem muitos jovens capacitados. Eu não percebia isso antes.

E o Washington Reis teve a maldição do terceiro mandato?

Talvez ele tenha tido a maldição de não ter o tamanho para perceber que a riqueza e o dinheiro fácil têm que ter um limite. E eles não têm limite. Por isso quer colocar o tio, o sobrinho… Sabe onde o sobrinho mora? Na Zona Sul. É garoto do Leblon. Vai conhecer o que de Duque de Caxias?

Mônica Gonçalves é doutoranda em Ciências Sociais pela (UFRRJ), sob a supervisão Marcelo Remigio

Por Bernardo Mello e Mônica Gonçalves
Fonte: EXTRA

Postar um comentário

0 Comentários