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Planos de governo de candidatos a prefeito de São João de Meriti miram saúde, saneamento e servidores

Deputado estadual, Léo Vieira é candidato a prefeito em São João de Meriti — Foto: Reprodução 

SÃO JOÃO DE MERITI - Em entrevistas ao EXTRA, Léo Vieira (Republicanos) e Marcos Muller (PMB) enumeram o que pretendem fazer no município com maior densidade demográfica da Baixada Fluminense

Cidade com uma das maiores densidades demográficas do país, São João de Meriti, na Baixada Fluminense, tem problemas históricos. Atrasos nos salários dos servidores públicos, em especial os inativos; unidades de saúde insuficientes para atender à população — faltam especialidades e a única maternidade do município permanece fechada —; e crescimento nos índices de violência. O EXTRA ouviu dois dos três candidatos a prefeito mais bem colocados nas pesquisas eleitorais: Léo Vieira (Republicanos) e Marcos Muller (PMB). Nome apoiado pela atual gestão, Valdecy da Saúde (PL) foi convidado a participar, mas não aceitou. O candidato rivaliza com Vieira na disputa pelos votos bolsonaristas.

Léo Vieira e Muller — que em 2020 estiveram na mesma chapa na disputa pela prefeitura — listaram suas principais propostas, como concurso público para socorrer o caixa da Previdência municipal; investimentos em saneamento básico; iluminação pública; reabertura de hospitais, investimentos em escolas; entre outras.

'O PL não representa o Bolsonarismo na cidade'

Léo Vieira (Republicanos)

O senhor é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas o PL tem candidato na cidade. Como garantir os votos do eleitor bolsonarista?

Sou do Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e também da senadora Damares Alves (DF). O PL em São João de Meriti, apesar de o ex-presidente Bolsonaro defender o voto no partido, não representa o bolsonarismo. O próprio ex-presidente não esteve presente até o momento na cidade, não fez nenhum vídeo e nenhuma menção à candidatura do partido no município. Meu adversário (Valdecy da Saúde), então, está tentando nacionalizar a campanha para poder ligar a candidatura dele ao bolsonarismo. Logicamente, eu estou falando com o eleitor que quer encontrar alguém da cidade que vá resolver o problema dele e do município nos próximos quatro anos. Eu não vou nacionalizar a eleição.

O município tem um problema histórico de atrasos nos salários. Como enfrentar essa questão?

É um problema crônico, sentido principalmente pelo inativo, que sempre fica por último na hora de receber. Os ativos acabam recebendo, mesmo que atrasado. Uma proposta para a Previdência é o concurso público. Quem banca o órgão é o estatutário e São João tem um número gigante de comissionados. Sempre que há muitos comissionados, a Previdência é desfalcada. A ideia é começar por Saúde e Educação. Depois, Segurança Pública. Alguns gestores acharam que colocando em cargos comissionados pessoas que estão ligadas a eles resolveriam um problema político, mas criaram um problema de gestão.

A Segurança Pública é uma das preocupações dos moradores da cidade. Embora seja uma discussão ligada ao estado, como a prefeitura pode contribuir?

A segurança é de responsabilidade direta do estado e do governo federal. Mas do município também. Quando você olha, por exemplo, a iluminação pública. São João é uma cidade escura, é isso que o criminoso quer, um ambiente favorável para praticar o crime. A gente precisa trocar todas as luminárias. Apesar de serem de LED, não são compatíveis com a capacidade de luminosidade. Outro ponto: a Polícia Militar trouxe um efetivo que entra nas comunidades para fazer operações. Mas se a PM não tiver infraestrutura, equipamentos, não é possível. É preciso colaborar com recursos. Paralelo a isso, as escolas municipais perderam as aulas de Educação Física e a capacidade de se investir em Esporte e Cultura. Os talentos estão dentro das escolas e não podemos deixar que eles fiquem nas ruas e tenham como referência a criminalidade.

Como o senhor pensa enfrentar os problemas de infraestrutura, como a falta de saneamento básico?

Somos considerado zero de saneamento no estado. Tivemos a concessão da Cedae, que era justamente para resolver o problema. Mas São João foi a única cidade da Região Metropolitana que não assinou o convênio. Tem um imbróglio jurídico e burocrático. Precisamos entregar o serviço à concessionária que abastece de água. Hoje 40% da população, por falta de saneamento, acabam parando em uma emergência da cidade e sobrecarregando esse sistema de saúde.

Como pretende recuperar a rede municipal de saúde?

Temos uma UPA que funciona como unidade infantil que, apesar de ter sido inaugurada agora, vejo muitos problemas na questão de atendimento. A gente precisa melhorar os serviços, principalmente o de especialidades de Pediatria. O PAM Meriti é um pronto atendimento médico, ele continua fechado, e a gente pretende reabrir. São João não faz cirurgia. Na Saúde, o morador precisa bater à porta de Duque de Caxias e Mesquita e pedir, por favor, para ser atendido. Isso é humilhante.

Marcos Muller, candidato do PMB a prefeito de São João de Meriti — Foto: Divulgação

‘Nunca vendi candidatura. Vou levar até o final’

Marcos Muller (PMB)

Em 2020, o senhor veio vice na chapa de Léo Vieira, hoje seu adversário. O eleitor não pode pensar que sua candidatura é para ajudar Vieira a chegar ao 2º turno?

Não é meu perfil fazer isso. Nunca vendi candidatura. Vou levar até o final, ganhando ou perdendo. Eu me sinto até, inclusive, mais preparado do que ele para ser prefeito da cidade. Essa é a grande realidade.

Sua principal bandeira é a Segurança Pública. Até que ponto a prefeitura pode ajudar nesta questão?

O prefeito pode fazer sim, muito. Uma cidade limpa, bem iluminada, árvores bem aparadas. Uma cidade com oportunidade para os nossos jovens, com cursos, desenvolvimento, com IDH funcionando bacana. A cidade, com isso, consegue tirar essa garotada da rua. Um garoto na boca de fuma ganha R$ 100, R$ 150 por semana para ficar em cima das lajes. Estamos falando também de parceria com os governos estadual e federal. O efetivo da Guarda Municipal tem 80 e poucos homens e mulheres, a maioria é de adultos idosos. Quando a GM é bem formada, bem treinada, você pode assumir algumas funções em relação à fiscalização, à proteção, e a Polícia Militar, contudo, fica mais voltada para atuar em outras áreas.

Mas o senhor fala em acabar com as barricadas nas ruas. A polícia quando tenta usa até blindados. A prefeitura conseguirá tirar realmente esses obstáculos?

Tem, sim, condições. Há a presença do mal e a do bem. Dá para fazer, sim, com toda certeza. Na prática, dá para fazer. O que acontece é o seguinte: o poder público fica ausente, não faz a manutenção, e aí a coisa cresce e fica difícil de combater.

Umas das principais demandas da população é a Saúde. Quais são suas propostas?

O administrador atual da cidade é médico, é o Doutor João. E, se eu não me engano, é médico obstétrico. A única maternidade pública foi fechada há mais de sete anos. Faltam três meses e pouco para ele ir embora da cidade, sair do mandato, e até hoje nada foi feito nessa maternidade. Só enrolando. Eu pretendo reabri-la. Ela já está quase pronta. Aliás, já era para estar. O problema hoje é de gestão, é de falta de comprometimento. São João de Meriti nunca teve tantos repasses na história como teve nesses governos. Não dá para explicar.

O senhor já gastou R$ 120 mil na campanha, mas arrecadou apenas R$ 18 mil. Como provar para o eleitor que saberá gerir um orçamento de R$ 1 bilhão?

É um exemplo da minha honestidade. Não fiz parcerias com empresários. Estou trabalhando com os meus recursos, dando o meu jeito, de forma honesta e decente. Estou conversando com a minha família. Eu compro carro e revendo, meu horário de folga é o que eu faço. Tenho os três veículos que vão ser vendidos.

Na sua declaração à Justiça Eleitoral constam um apartamento e R$ 10 mil em espécie. E os carros?

É carro barato, eu compro e vendo. Tenho dois carros no meu nome. Foi colocado na declaração do TSE. Está havendo algum erro aí.

O senhor responde por possível peculato, por um suposto esquema de "rachadinha" em seu gabinete quando deputado estadual na Alerj. Como está essa situação?

Não passo um real na minha conta de ninguém. Eu nem fui ouvido ainda, troquei o advogado há pouco tempo. Sou totalmente inocente, respeito qualquer ato da Justiça, em momento oportuno nós vamos provar.

Rayssa Veras é graduanda em Ciências Sociais (UFRJ), sob a supervisão de Marcelo Remigio

Por Felipe Grinberg e Rayssa Veras
Fonte: EXTRA
Link: https://extra.globo.com/politica/tamo-junto/post/2024/09/planos-de-governo-de-candidatos-a-prefeito-de-sao-joao-de-meriti-miram-saude-saneamento-e-servidores.ghtml

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