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Entrevista com estudantes que ocupam a FEBF, campus da UERJ em Duque de Caxias


Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBEF). Foto: Reprodução

BAIXADA FLUMINENSE - O Correspondente local de AND em Duque de Caxias (RJ) realizou uma entrevista com os estudantes em luta na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF/UERJ) que se encontra ocupada desde o dia 30/07, quando por meio de uma assembleia estudantil foi aprovada a ocupação do campus. A mobilização na FEBF faz parte da nova onda de ocupações na UERJ anunciada pela mobilização legítima de estudantes que romperam com as portas blindadas da reitoria da UERJ (Campus Maracanã) e a ocuparam no dia 27/07 para barrar o AEDA da Fome.

O AEDA da Fome é uma medida que foi aprovada no dia 25/07 e assim que começou a ser aplicada desferiu uma série de ataques às políticas de assistência estudantil da UERJ, ela diminuiu o número de bolsas, cortou auxílio alimentação nos campus que possuem bandejão, e restringiu outros auxílios, ameaçando a permanência de milhares de estudantes na universidade.

A revogação do AEDA da Fome não é a única reivindicação dos estudantes em luta na FEBF. Também lutam para que sejam atendidas a construção de um bandejão no campus, o requerimento de um ônibus intercampi e a compra de um novo prédio com capacidade de comportar mais cursos. Para falar com mais detalhes sobre o andamento da luta na FEBF e sobre as reivindicações referentes ao campus, foi feita uma entrevista com os estudantes em luta que poderá ser conferida a seguir.

Confira a entrevista abaixo:

A Nova Democracia (AND) – Como surgiu a necessidade de ocupar a FEBF?

Estudantes – A ocupação da UERJ surgiu num movimento no dia do ato que a gente fez pela revogação da AEDA (se referindo à mobilização estudantil do dia 27/07), porque essa AEDA foi publicada durante as férias dos estudantes, no qual a gente já tinha um planejamento anual que tinha sido publicado no início do ano pela atual reitoria, na qual a gente teria acesso a esses auxílios até o final do ano. Daí no dia do ato o movimento estudantil independente dos estudantes da UERJ decidiram ocupar, dois dias após isso a FFP que é um Campus Periférico – assim como a FEBF – ocupou, e daí nós aqui da FEBF por meio de uma assembleia estudantil decidimos ocupar para lutar em conjunto com as outras unidades. São três unidades da UERJ ocupadas e isso demonstra a luta dos estudantes não só pela revogação da AEDA mas também pela permanência estudantil, principalmente nos Campus periféricos como a FFP, como a FEBF, onde tem majoritariamente pessoas periféricas, pretas, e pobres. Daí a gente nessa resistência estudantil nos unimos com o Campus Maracanã, e o movimento independente da UERJ se levantou após a movimentação política dentro dos campus.

AND – Fora a revogação do AEDA da Fome quais são as suas reivindicações?

Estudantes – Aqui na FEBF nós temos demandas exclusivas, agora conquistamos a construção de um bandejão que é uma reivindicação histórica, desde quando a FEBF se instalou aqui nesse prédio em 1998 os estudantes lutam por um bandejão. E também reivindicamos um ônibus intercampi, porque a FEBF não se encontra no centro da cidade de Duque de Caxias, então a rota de ônibus aqui é um pouco escassa e os ônibus que tem são demorados. Por fim, reivindicamos a compra de um novo prédio para expandir os cursos, nós temos no momento quatro cursos ativos que são; Pedagogia, Geografia, Matemática, História, e nós ganhamos mais um curso que é de Licenciatura em Cinema, e a estrutura do nosso prédio é a de um CIEP, ou seja, não temos salas o suficiente pra ter todas essas aulas.

AND – Quais são as atividades que vocês promovem na ocupação?

Estudantes – Alguns professores têm promovido diariamente rodas de conversa com diversos assuntos, nós falamos já sobre a descriminalização do aborto, sobre o mês de prevenção à violência contra a mulher, e também já falamos sobre a crise orçamentária que o Brasil e o Estado do Rio de Janeiro vem enfrentando. Todos os dias nós bolamos alguma atividade, temos uma comissão de atividades onde a galera ali está criando atividades para que a gente possa ficar aqui dentro não só ocupando mas também adquirindo conhecimento. Aqui dentro da FEBF nós temos também um espaço de acolhimento que é para as estudantes que são mães e que trazem seus filhos para cá, e na ocupação esse espaço está aberto todos os dias, as mães podem trazer as crianças para cá pra se sentirem mais seguras. Fora tudo isso também temos roda de capoeira, atividades culturais, e isso pra gente não ficar só na ocupação por ficar, pra gente entender que isso aqui é uma luta por mais assistência estudantil.

Estudantes– Como podemos apoiar o movimento de vocês?

A melhor forma de apoio é ajudar, nós precisamos muito de doações porque estamos aqui abdicando do nosso tempo, estamos inteiramente na faculdade, e a gente come aqui, a gente dorme aqui, e precisamos de alimentos. E divulgar o máximo possível nas redes sociais, falar com os amigos e com os vizinhos a luta que os estudantes da UERJ estão enfrentando, e como a gente está engajado nisso. A nossa pauta é a revogação completa da AEDA para que nenhum estudante perca seus auxílios que é um direito nosso, e pela permanência estudantil porque a gente entende que o espaço o qual a gente luta é muito importante, e falo exclusivamente agora da FEBF, porque a FEBF é uma faculdade pública, na baixada fluminense, em Duque de Caxias que é um lugar periférico, é um lugar composto majoritariamente por pessoas negras, pobres, moradoras de favela, então nós somos resistência desde antes, e estamos ocupando esse espaço para continuar sendo resistência, porque a gente quer se formar, nosso objetivo é se formar, pra ser um profissional qualificado, para atuar na área da educação porque essa é uma faculdade de educação, pra tentar mudar um pouco o rumo das coisas, principalmente da política, porque a falta de educação interfere fatalmente na política que a gente vive hoje em dia, nós sofremos com uma defasagem no ensino público muito grande, principalmente no ensino superior, nós já tivemos deputados com projeto de fechar a UERJ, privatizar, e a gente não pode aceitar isso, esse lugar é nosso! Então a melhor ajuda que a gente pode receber é que a população apoie os estudantes, porque o estudante é o professor, é o profissional do futuro que vai formar outras pessoas que vão formar um outro futuro pro Brasil, o maior apoio é nos ajudar nessa luta.

Fonte: A Nova Democracia

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