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Em Nova Iguaçu, candidatos de PP e PT trocam farpas e dizem o que pretendem fazer se eleitos

Dudu Reina, vereador e candidato a prefeito de Nova Iguaçu — Foto: Reprodução (Facebook)

NOVA IGUAÇU - As propostas são de Dudu Reina e Tuninho da Padaria, que disputam a cadeira de Rogério Lisboa (PP), prefeito que se despede após 8 anos de governo. Jacaré (União) não quis ser entrevistado

A disputa pela Prefeitura de Nova Iguaçu é marcada nestas eleições pela despedida de Rogério Lisboa (PP) do comando do Executivo municipal após oito anos de governo e pela tentativa do PT de voltar ao poder na cidade da Baixada Fluminense.

Lisboa indicou Dudu Reina (PP), presidente da Câmara Municipal, para tentar ser seu sucessor. Ele concorre com o ex-vereador Tuninho da Padaria (PT), que teve a candidatura afiançada pelo ex-prefeito e cacique petista Lindbergh Farias. Deputado federal, ele tenta manter sua influência no município que reúne o segundo maior colégio eleitoral da região.

Acompanhe as propostas de Dudu e Tuninho para a cidade e como eles avaliam a política iguaçuana atual. Ao lado do candidato a prefeito pelo União Brasil, Clébio Jacaré, eles formam o trio mais bem colocado nas pesquisas eleitorais de intenções de votos.

Convidado para dar entrevista sobre seu plano de governo, Clébio Jacaré não quis participar.

‘O PT tem duas eleições que não elege vereador’

Dudu Reina (PP)

Como é agrupar tantas lideranças políticas em torno de uma mesma candidatura? São nove partidos e uma federação.

Isso que eu acho que é o maior dom do (atual prefeito) Rogério Lisboa: saber lidar com as pessoas. Existem os conflitos, mas a gente consegue lidar bem e encaixar todo mundo. A gente ter um arco desses de alianças é buscar não deixar jamais um cara tão esdrúxulo como é o (Clébio) Jacaré, uma figura que não consigo nem denominar, (chegar ao governo). E, do outro lado, o PT. É a gente trabalhar para isso.

Terá indicações políticas no secretariado?

A parte técnica vai ser inegociável. Eu acho que você pode cumprir um acordo, a pessoa é indicada e tem metas a cumprir. A gente não precisa abrir mão da excelência da gestão pública por causa de uma aliança. Mensalmente, vai medindo. Não está cumprindo a meta? Aí ela precisa deixar (o governo). Mas não quer dizer que aquele partido perca a indicação, passa para outra pessoa.

Seu plano de governo elogia o atual prefeito. Como será a participação de Rogério Lisboa numa eventual gestão?

Ele vai ter deixado de ser prefeito e eu vou ter um amigo como conselheiro. Não vai ser secretário.

A polarização influenciará as eleições em Nova Iguaçu? Michelle Bolsonaro esteve com o senhor num evento, mas não houve postagens em suas redes sociais.

A eleição municipal é uma coisa, a nacional é outra. Eu acho que não é necessário essa polarização. Agradeço muito a vinda dela, tanto que eu fui lá e a recepcionei, gostei muito da fala dela, só que eu só não vou nacionalizar uma eleição municipal.

Não vale a pena mostrar para o seu eleitor que tem o apoio da família Bolsonaro?

Não tem problema nenhum mostrar, eu só não vou polemizar, não vou nacionalizar.

Mas o senhor falou em não deixar o PT chegar ao governo, isso não é nacionalizar?

É o PT municipal que está destruído, mal representado, um candidato com condenação transitada em julgado, que teve de pedir o cancelamento da impugnação. O PT aqui tem duas eleições que não elege nem vereador, e não vai eleger nesta de novo.

A cidade convive com as cheias do Rio Botas. Como enfrentar esse problema?

É um problema de 50 anos e só vai ser resolvido com município, estado e governo federal juntos e um pacto entre Nova Iguaçu, Belford Roxo e Duque de Caxias. Se a gente não fizer uma pactuação, não vai acontecer. Enquanto esse projeto grandioso não sai, eu vou continuar o que o Rogério começou aqui. Ele tirou mais de 390 famílias de uma parte das margens do Rio Botas. E não deixar que novas construções irregulares surjam.

Nova Iguaçu tem 43% de cobertura na atenção básica. Qual sua meta para o programa?

Queria tentar terminar com 100%, mas a meta será de 80% de cobertura. Tenho que ter capacidade financeira para construir clínicas em cada região que não tenha cobertura ainda, para podermos expandir as equipes de saúde da família para aquela região.

Como seria sua relação com o governo federal?

Se eu ganhar a eleição, eu não serei prefeito dos que votaram no PT e no Jacaré? Eu serei prefeito de todos. Eu vou ter que tentar resolver os problemas da cidade, independente da minha linha política. Eu não preciso ser radical porque o outro está em outro campo. Eu vou precisar ir nos ministérios resolver as coisas.
Tuninho da Padaria, candidato a prefeito de Nova Iguaçu pelo PT — Foto: Divulgação

‘Temos 11 empregados do prefeito na Câmara’

Tuninho da Padaria

Como os senhor avalia os episódios de violência contra políticos da Baixada Fluminense nesta eleição?

Apesar dos casos ocorridos, a gente percebe que tem muita coisa que não condiz com a verdade. As pessoas jogam tudo na conta da política. Eu, por exemplo, não sofri nenhuma ameaça. Teve um episódio na Estrada de Madureira, mas por conta de uma situação particular, de um cabo eleitoral de um outro candidato. A gente não aceitou que impedissem um candidato de entrar em um condomínio que não era privado, era um Minha Casa, Minha Vida.

Caso eleito, como seu governo contribuirá com a Segurança Pública?

Apesar de algumas pessoas insistirem que o município não tem obrigação com a Segurança Pública, isso é uma grande mentira. Hoje, tem sim. A gente pesquisou e conheceu centros de monitoramento, que integram prefeitura, polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal e o Corpo de Bombeiros. Isso dá uma sensação de segurança maior e é um dos elementos para coibir assaltos, atos de violência contra a população, arrombamentos de lojas. Foi comprovado ser eficiente em Niterói e Maricá. Em algumas regiões do Rio, também. Existem verbas federais para isso. Infelizmente, o atual governo, quando assumiu há oito anos, terminou com o programa de monitoramento, um sistema que estava pronto com 120 câmeras funcionando.

Como melhorar a mobilidade no município, incluindo trânsito e transportes?

Essa questão passa pela extensão da Via Light até Cabuçu e a duplicação da Estrada de Madureira entre Cabuçu e o KM 32. Assim, resolve parte do problema do trânsito. É preciso construir uma nova rodoviária para que os ônibus deixem de circular pelo Centro. E implantar um transporte gratuito cortando o Centro com jardineiras, que levam muita gente e por um período curto, não mais do que cinco, seis minutos.

Como o PT nacional vai ajudar o senhor na reta final da campanha? O ex-prefeito Lindbergh Farias estará presente nos últimos dias?

Sou o candidato do Lindbergh. Além de ser parceiro político, é um amigo. A gente percebe que o povo reconhece ele como o maior prefeito que a cidade já teve. O PT nacional tem me ajudado muito, com verba partidária considerável e todo o apoio à campanha. Lindbergh vai ficar praticamente todos os dias, de 9h da manhã até 9h da noite, caminhando, conversando com os moradores.

Lula gravou vídeos com o senhor, mas na Baixada só esteve em Belford Roxo. A participação de caciques do PT na sua campanha não poderia ser maior?

Tenho tido todo o apoio do PT, eu não posso reclamar. O prefeito de Maricá, Fabiano Horta, esteve aqui duas vezes. O Quaquá, a Marina do MST, a Benedita da Silva, que gravou vídeos e esteve em dois eventos comigo. Meu principal apoiador é o Lula, que declarou voto na gente.

Qual sua expectativa em relação à eleição para a Câmara Municipal?

Nesta legislatura, os 11 vereadores permaneceram no colo do prefeito. E aí vai a minha grande crítica ao Dudu Reina. Ele é chefe do Legislativo há quatro anos, qual foi o processo fiscalizatório que ele fez em relação ao prefeito? A maior ferramenta do Legislativo é fiscalizar. Temos 11 empregados do prefeito na Câmara. Nós vamos fazer, pelo menos, dois vereadores da nossa Federação, um no PMB e outro no PDT, aliado que não está com o governo. A Câmara passará de 11 para 23 cadeiras.

Henrique Barbi é estagiário de Jornalismo e Victor Escobar David é mestre em Sociologia Política (Iuperj/Ucam), sob a supervisão de Marcelo Remigio

Por Felipe Grinberg, Henrique Barbi e Victor Escobar David
Fonte: EXTRA
Link: https://extra.globo.com/politica/tamo-junto/post/2024/09/em-nova-iguacu-candidatos-de-pp-e-pt-trocam-farpas-e-dizem-o-que-pretendem-fazer-se-eleitos.ghtml

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