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4º MUNICÍPIO MAIS POPULOSO DO ESTADO DO RIO NOVA IGUAÇU SOFRE COM OS BAIXOS INVESTIMENTOS PÚBLICOS

Vista da cidade de Nova Iguaçu — Foto: Divulgação / Prefeitura de Nova Iguaçu

Em Nova Iguaçu, baixo investimento trava melhorias
Mobilidade, segurança e enchentes estão entre principais desafios do município

NOVA IGUAÇU - Grandes cidades possuem grandes desafios administrativos para os novos prefeitos. E Nova Iguaçu apresenta todas as credenciais para fazer valer essa máxima: segundo o Censo de 2022, é o quarto município mais populoso do estado, sendo o segundo da Baixada Fluminense, além contar com 520,5 km² de extensão territorial para serem administrados. Análise de gestão fiscal feita pela Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) na última década apontou um baixo nível de investimentos públicos, apesar de a cidade possuir um bom planejamento financeiro. 

Entre os moradores, as reivindicações passam por melhorias na mobilidade urbana, no transporte público e no combate às enchentes

Os desafios de Nova Iguaçu variam de acordo com a paisagem e, embora não seja uma particularidade, a cidade convive com cenários bem distintos. O Centro, com sua vocação comercial, reúne locais de lazer e equipamentos públicos. Regiões como a Estrada de Madureira vivencia forte expansão habitacional e demandas de urbanização. No lado oposto, há bairros praticamente rurais, como Tinguá, que conta com uma reserva biológica, e Campo Alegre.

O Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) indica que Nova Iguaçu possui boa autonomia para cobrir gastos, sem depender de transferências externas — o orçamento anual chega a R$ 2,4 bilhões. O menor comprometimento do orçamento com as despesas com o funcionalismo público é outro ponto alto, assim como um “excelente planejamento financeiro”. No entanto, a cidade acumula baixo nível de investimentos. Entre 2013 e 2016, durante o governo de Nelson Bornier (MDB), eles permaneceram na faixa crítica, com exceção de 2014, considerada baixa. Já na atual gestão, de Rogério Lisboa (PP), os investimentos entre 2017 e 2019 estiveram no nível crítico. Em 2020 chegaram a nível excelente para, em 2021 e 2022, caírem de novo.

De acordo com o empresariado ouvido pela Firjan, o novo prefeito terá, entre outros desafios, a adequação física das escolas públicas para a implantação de internet, possibilitando a aplicação de programas voltados à melhoria da qualidade do ensino; parceria com o governo do estado na área de segurança pública, incluindo ações para coibir roubos de carga e aumento do policiamento nas áreas industriais; coleta e reciclagem de lixo; e simplificação dos processos de abertura de empresas, obtenção de licenças e autorização para obras.

Já de acordo com o radialista e jornalista Ornison Fernandes, morador do Bairro da Luz, um dos principais problemas enfrentados hoje em Nova Iguaçu é a mobilidade urbana ruim. Para ele, as principais vias da cidade estão sobrecarregadas. Ornison lembra ainda que em todo período eleitoral há promessas de extensão e ampliação da Via Light, — que liga Nova Iguaçu ao Rio e a outras cidades da Baixada —, mas que não são cumpridas.

De acordo com dados da SENATRAN de 2022, Nova Iguaçu possui 353,83 veículos por 1 mil habitantes. O município conta com acesso a duas rodovias federais, a BR-116 (Rodovia Presidente Dutra) e a BR-465 (Antiga Rio-São Paulo). O município conta com três estações de trem no ramal de Japeri (Nova Iguaçu, Comendador Soares e Austin), pouco mais de 80 linhas de ônibus e oferta de transporte alternativo.

O que os moradores querem para cidade

Ainda sem se recuperar das chuvas de janeiro deste ano, Nova Iguaçu vivenciou outro extremo climático no mês seguinte, quando um temporal deixou pelo menos dois mortos e 114 famílias desabrigadas. As enchentes provocadas pelas chuvas de verão são uma preocupação frequente entre os moradores.

Para a gestora pública Vanessa Costa, moradora de Miguel Couto, o principal problema hoje do município está no enfrentamento às calamidades públicas, como as enchentes, que a cada ano se acentuam e atingem muitas famílias. Segundo ela, falta um plano de ação que envolva a população e faça com que a participação também seja um ativo nesse enfrentamento. Ela cita como sugestões educação ambiental, coleta seletiva de lixo e serviço público de recolhimento de materiais em desuso, como sofás e colchões, que ajudariam a manter rios e margens limpos, evitando assoreamento e acúmulo de lixo.

Forte chuva atingiu a Baixada Fluminense e interior do estado na noite de ontem: bairro alagado em Nova Iguaçu.
 Foto: Reprodução TV Globo

De acordo com o Mapa da Desigualdade da Região Metropolitana do Rio de Janeiro de 2023, elaborado pela Casa Fluminense, que agrupa indicadores socioeconômicos dos municípios, o problema com eventos climáticos não tem como marco as chuvas de 2024, embora sejam casos emblemáticos. Dos municípios da região que registraram dados sobre moradias danificadas ou destruídas pelas chuvas em 2021 e 2022, Nova Iguaçu foi a segunda cidade com maior número, com 1.442 imóveis atingidos, também sendo a cidade com o maior número de pessoas afetadas por eventos climáticos relacionados a temporais no mesmo período.

Hellen Castrioto, advogada, moradora em Nova Iguaçu — Foto: Arquivo pessoal

Já a advogada Hellen Castrioto, moradora de Nova América, chama atenção para a falta de um plano efetivo para o transporte público. Ela destaca que a cidade sofreu mudanças, como crescimento populacional e econômico, mas as políticas públicas para o transporte e a questão viária não acompanharam.

Fonte: EXTRA

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