Filme revela causas e a dor dos familiares
“O impacto que se espera que essa obra possa ter na sociedade é despertar a conscientização e a empatia em relação à realidade das vítimas, além de expor as dinâmicas e as técnicas utilizadas pelo Estado nesse contexto. Através da narrativa e da representação emocional dessas histórias, o curta busca gerar reflexão e debate sobre a violência institucional, os direitos humanos e a importância de enfrentar essas questões sociais”, afirma a diretora Laís Dantas, de 27 anos, nascida e criada em Duque de Caxias.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, entre 2017 e 2022, foram registrados 369.737 desaparecimentos no Brasil, uma média de 203 casos por dia. “Desova” também retrata os impactos que esses desaparecimentos podem causar a longo prazo, não só nas vidas das “mães órfãs”, mas também na própria região.
Por exemplo, muitos dos corpos desaparecidos são encontrados, mas não são denunciados à Polícia por medo, formando os chamados grandes cemitérios clandestinos nos rios próximos ao KM 32: Iguaçu, Sarapuí e Guandu, que acabam sendo utilizados como ponto de desova de corpos de pessoas mortas.
“Foram muitos desafios na produção, que vai das entrevistas com as mães a filmar no Rio Guandu, mas para elencar o maior, acho que seria a ausência do corpo. Ouvimos as mães falando sobre filhos que não conseguiram enterrar. A ausência de um corpo que não teve direitos, é muito triste”, revela Laís Dantas.
Filme foi viabilizado graças a emenda parlamentar de 2020 do deputado Marcelo Freixo, conta com o apoio do Fórum Grita Baixada e da Fundação Heinrich Böll
“Desova” foi viabilizado por meio de uma emenda parlamentar de 2020, de autoria do então deputado federal Marcelo Freixo, que não só possibilitou a realização do filme, mas também um projeto de pesquisa sobre o assunto intitulado: “Mapeamento exploratório sobre desaparecidos e desaparecimentos forçados em municípios da Baixada Fluminense”, conduzida por diversos pesquisadores da UFRRJ, e coordenada pelos professores José Cláudio Souza Alves e Nalayne Mendonça Pinto.
Todas as ações também fazem parte do projeto Grita Baixada 2020, do Fórum Grita Baixada, que apresenta o curta-metragem, sob a coordenação de Adriano de Araújo. O filme conta ainda com o apoio da Fundação Heinrich Böll.
“Espero que ‘Desova’ possa sensibilizar o público, levando as pessoas a questionar a impunidade e a falta de resposta diante desses casos, bem como estimular a demanda por justiça e a necessidade de medidas efetivas para prevenir e combater o desaparecimento forçado. Ao expor a magnitude do vazio deixado pela perda e o impacto profundo nas vidas das famílias afetadas, a obra busca provocar reflexões sobre a necessidade de mudanças sociais e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e solidária”, conclui Fernando Sousa, produtor executivo do filme.
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Fonte: Diário Carioca
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