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Chefes de facção de Caxias podem ser transferidos para presídios federais.

Roberto de Souza Britto, o Irmão Metralha Foto: Reprodução
O Ministério Público estadual e a Secretaria de Segurança Pública (Seseg) pediram, no mês passado, a transferência de quatro traficantes da cúpula da maior facção criminosa do Rio para presídios federais de segurança máxima. A alegação é de que eles continuam dando ordens para seus comparsas mesmo atrás das grades, além de terem grande influência na quadrilha.

Por enquanto, Ronaldo Pinto Lima Silva, o Ronaldinho Tabajara; Charles Silva Batista, o Charles do Lixão; Roberto de Souza Britto, o Irmão Metralha; e Carlos Henrique dos Santos Gravini, o Rato da Cidade Alta, aguardam a decisão da Vara de Execuções Penais (VEP) na Penitenciária Laércio da Costa Pellegrini, Bangu 1, unidade de segurança máxima do Rio.

Antes, todos estavam na Penitenciária Gabriel Ferreira Castilho, Bangu 3, onde ficam presos os chefes da facção. Desde o fim do ano passado, a unidade é vista com certo temor pelas autoridades, após alguns episódios terem ocorrido. Em agosto, por exemplo, um agente penitenciário foi agredido por um grupo de presos que tentaram impedir uma revista de rotina. Dois meses depois, os inspetores encontraram buracos em três celas. Os orifícios são usados para esconder materiais ilícitos e passar para outros cubículos e galeriais. Já em novembro, foram encontradas 49 munições de fuzil numa das celas da penitenciário, o que ligou definitivamente o alerta vermelho na Secretaria de Administração Penitenciária.

Roberto de Souza Britto, o Irmão Metralha Foto: Reprodução
Ronaldinho, Charles, Metralha e Rato eram as principais lideranças em Bangu 3, e por isso possuem grande influência junto a outros detentos. Por isso, temia-se que incentivasse rebeliões ou tentativas de fuga. Além disso, os pedidos de transferência demonstram como os presos continuavam administrando seus negócios e atuando na quadrilha.

De acordo com informações dos documentos, Ronaldinho, Rato e Metralha são responsáveis por supervisionar a chamada caixinha da quadrilha — dinheiro pago por chefes dos morros para custear gastos de parentes de presos ou até mesmo armas. Esse controle da quantia era feito por telefone, por presos de menor expressão na facção, já que os três evitam usar os aparelhos. Ainda segundo a documentação, eles contavam também com a ajuda de advogados para administrar a caixinha.

Rato ainda é suspeito de ser o destinatário do material ilícito que foi encontrado em Bangu 3, em outubro do ano passado. Na ocasião, foram apreendidos, num conteiner utilizado para a retirada de lixo, serras, chaves de fenda, telefones celulares, carregadores para os aparelhos, chips e cartões de memória, entre outros objetos. No mesmo mês, a inteligência da Seap já tinha identificado que Rato e outro preso da penitenciária planejavam a entrada de materiais ilícitos na Cadeia Pública Jorge Santana, que também abriga presos da facção do criminoso.
Ronaldo Pinto Lima Silva, o Ronaldinho
Tabajara Foto: Reprodução

Já sobre Charles, os documentos apontam que ele estaria determinando, de dentro de Bangu 3, a prática de ações criminosas em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e nas vias de acesso ao município, onde é chefe do tráfico em algumas comunidades. As ordens do traficante eram para matar policiais e criminosos rivais e foram transmitidas por outro preso por celular, já que Charles também evita o uso do aparelho.

Na última sexta-feira, a Vara de Execuções Penais (VEP) aceitou o pedido da Seseg e determinou a ida de Rato para fora do Rio. Agora, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) deve apontar em qual estado há vaga. Posteriormente, a Justiça Federal do local também precisa dar seu aval. Ainda não há decisão da VEP para os outros presos. Os processos ainda estão no prazo para os advogados se manifestarem.

Além dos quatro que devem ser transferidos para fora do estado, a cúpula da principal facção criminosa conta com pelo menos outros dez criminosos, todos presos no Rio. Eles são os responsáveis por tomar decisões imediatas dentro da quadrilha e que não passam pelos chefes que estão em unidade federal. Em 2013, de acordo com denúncia do MP, Ronaldinho, Charles e Metralha deram autorização para a morte de Eduíno Eustáquio de Araújo, o Dudu da Rocinha, dentro do Instituto Vicente Piragibe, no Complexo de Gericinó. Eles ainda respondem pelo crime.
Fonte: Carolina Heringer/EXTRA

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