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Polícia investiga médico e clínica onde moradora de Belford Roxo morreu em cirurgia estética.

Edicleia era uma mulher vaidosa e já havia colocada silicone nos seios Foto: Reprodução
No armário de Edicleia Gonçalves, de 26 anos, ainda há vestidos novos, com etiquetas. Vaidosa, a jovem, mãe de dois filhos, queria usá-los numa viagem a Búzios, que planejava fazer após uma cirurgia estética. Moradora de Parque São Vicente, em Belford Roxo, ela morreu em 26 de agosto na clínica Esthetic Life, na Taquara, Zona Oeste do Rio. Segundo a Vigilância Sanitária, o local, sem cadastro, não poderia funcionar.

O viúvo critica o estabelecimento e o médico contratado para a operação, Luís Felipe Manhães, que também atua em outra clínica no Jardim Vinte e Cinco de Agosto, em Caxias. Segundo Tiago Martins, de 33 anos, a mulher foi fazer uma abdominoplastia e uma lipoaspiração.

— No dia, me disseram lá que ela teve três paradas cardíacas, uma embolia pulmonar e aí me pediram para ir embora, mas fiquei. Às 22h, fui para a delegacia. Fizeram um registro sem citar o motivo de ela ter ido à clínica. No R.O., consta morte sem assistência — diz.
O viúvo Thiago Martins está vivendo a
base de calmantes Foto: Mazé Mixo / Extra

De acordo com ele, a certidão de óbito indica que a morte ocorreu às 14h51:

— Mas eu só fui avisado às cinco da tarde. E não me devolveram o documento do risco cirúrgico dela.

Tiago conta que este não foi o primeiro procedimento que Edicleia fez com o médico Manhães. Quatro meses antes, ela colocou 270 ml de silicone na clínica de Caxias. Apenas 40 dias depois, a mulher do cirurgião teria sugerido a lipoaspiração:

— A partir daí, ela foi aliciada. Ficavam mandando fotos de antes e depois para convencê-la. Pedi para não fazer, disse que ela poderia morrer — lembra o viúvo.

Segundo cálculo da família, Edicleia teria gasto, com as duas cirurgias, cerca de R$ 20 mil. Abalado, Tiago teve que tirar uma licença de 30 dias do trabalho e vive à base de calmantes. Ele tentar reconstruir a vida com a filha de 10 anos e o filho de 4.

— Meu filho perguntou o que aconteceu com a mãe e eu tive que dizer que ela virou uma estrela. Agora, toda as noites, ele vai para a janela dar boa noite a ela. Não quero dinheiro, só quero saber o que levou o meu anjo embora — questiona.

Idosa tem a barriga necrosada
Idosa X. ficou com a barriga necrosada Foto: Mazé Mixo / Extra
Não foi por vaidade que X., de 73 anos, resolveu fazer uma abdominoplastia. A flacidez na barriga causava assaduras. Com dinheiro que poupou, fez o procedimento na mesma clínica onde Edicleia morreu, na Taquara. O resultado foi terrível.

— Não tinham nem balão de oxigênio. Acordei no dia seguinte com 250 de glicose e pressão baixa — conta ela, diabética e hipertensa.

Segundo a idosa, ao pedir para ser internada, foi colocada numa poltrona com um dreno, onde ficou por sete horas até que uma parente resolveu buscá-la. Depois de uma semana, a pele começou a escurecer. Duas semanas depois, veio a febre. Até que, após um mês de operação, foi internada no CTI. Sua barriga havia necrosado:

— Eu ia lá a cada três dias pedindo ajuda, mas, depois que ele opera, não liga mais para a pessoa.

A cirurgia custou cerca de R$ 6,5 mil. Ela vai precisar de mais R$ 10 mil para corrigir, mas falta coragem para encarar outra operação.

Diante das denúncias, a delegada-titular da 41ª DP (Tanque), Marcia Julião, disse que vai apurar os fatos:

— Foi instaurado um inquérito. O Dr.Manhães já foi ouvido e outras testemunhas estão sendo chamadas. Estamos esperando o laudo do Instituto Médico-Legal para saber o que aconteceu com a Edicleia — comenta.

Advogado rebate todas as acusações
O médico Luís Felipe Manhães não quis falar. O advogado dele, Lymark Kamaroff, afirmou que não houve a lipoaspiração. Ele disse que Edicleia teve uma embolia pulmonar, causando parada cardiorrespiratória, durante a abdominoplastia:

— A família foi assistida e as informações foram prestadas em tempo real.

O advogado explicou ainda que foi feito um registro retificador na polícia citando que a morte foi assistida:

— A clínica está habilitada com a Vigilância Sanitária, sim, e tem convênios para fazer remoções.

Kamaroff ainda diz que não são feitas cirurgisas em Caxias, e que todos os pacientes passam por avaliação clínica, exames e acompanhamento.

Luis Felipe Manhães não é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica,segundo o órgão, que reúne cerca de 90% dos profissionais da área no país.

O Conselho Regional de Medicina do Rio informou que ele não cadastrou qualquer especialidade para a prática médica. O órgão apura a sua conduta num processo ético-profissional.
Fonte: Bibiana Maia/Extra

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