Vítima de preconceito, professora organiza protesto e vira sucesso na internet. |
Ela é vaidosa, só vive de batom. Adora ser fotografada e não tem pudor de posar de forma sensual. Mas espere aí, por que deveria ter? Não pelos seus 126 quilos distribuídos em 1,70m de altura. Isso Thaís Fonseca de Oliveira, de 21 anos, garante. Ah, ela adora ir à praia também e só usa biquíni. Foi por ter sido ofendida na internet, após ter postado uma foto com o traje de banho, que a moradora de Belford Roxo tornou-se uma voz contra o preconceito. A postagem gerou uma enxurrada de comentários, a maioria em solidariedade, além de um registro de ocorrência na delegacia contra o homem que reproduziu sua foto com os dizeres: “Meninas, não façam isso”, a introdução para ofensas mais graves.
Thaís Fonseca de Oliveira, de 21 anos
— Se alguém se incomodou por ter visto uma gordinha de biquíni, então agora vai ver dez — diz a amiga Gabrielen Alexandrino, de 20 anos, lembrando de como reagiu ao saber dos comentários pejorativos.
Pronto, estava organizado o protesto que causou um reviravolta na vida de Thaís. Após reunir nove amigas para um ensaio fotográfico na Praia da Urca, no dia 18, ela passou a ser procurada para dar entrevistas e virou referência para mulheres que sofrem por estar acima do peso. Nas imagens feitas naquele dia, todas são gordinhas como ela e estão de biquíni. Por que não?
— Mostramos o que o Brasil tem de melhor: a diversidade. Desde que me conheço por gente, sou gordinha. E o que tem isso? Caráter e competência não se medem na balança — afirma, ou melhor, se afirma Thaís.
Desde que as fotos do ensaio foram publicadas na internet, ela tem sido contatada por mulheres não resolvidas com seu peso, e viu sua página no Facebook dar um salto: — Só tem gordinha lá agora. Que legal! Uma das mulheres que participaram do protesto, Lis Lopes Dutra, de 28 anos, nunca havia usado biquíni. A autoestima de Thaís, a quem conheceu em 2013, tem gerado uma mudança de paradigma em sua vida.
— A Lis agora saiu do armário — comenta Grabielen, que organizou o protesto.
Sair do armário, neste caso, é se assumir e não se incomodar com os quilinhos a mais.
Atitude inspirou as amigas
Apesar da resposta positiva aos comentários depreciativos, Thaís Oliveira diz que vai levar até o fim o processo contra a pessoa que a ofendeu na internet:
— Eu sou bem resolvida com meu peso. Mas e se eu não fosse? Tenho recebido relatos de mulheres que sofrem muito por estarem acima do peso. Há pessoas que sofrem preconceito dentro da própria casa.
Thaís é professora da rede municipal de Belford Roxo há dois anos. Trabalha com a educação infantil, e diz que nunca sofreu preconceito por ser gordinha por parte das crianças.
— Elas não têm esta maldade. Uma vez, uma menina até me perguntou: “Tia, como faz para ter uma bunda grande dessas?”. Acho que ela queria ter uma — diverte-se a professora.
Foi na Casa da Criança Bom Pastor, no Gogó da Ema, que a professora conheceu a amiga Lis:
— A Thaís se ama do jeito que é. É um exemplo para mim. Agora tenho coragem. E visto biquíni.
Fonte: Extra
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