As eleições ainda nem começaram oficialmente e já colocam de lados opostos ao menos quatro prefeitos e seus vices na Baixada, além de separarem dois irmãos, até então, aliados políticos — caso de Queimados. Itaguaí e Mesquita tiveram gabinetes desocupados. Em Belford Roxo, o vice foi demitido de Secretaria de Educação; e, em São João de Meriti, vice é figura quase decorativa.
O mais recente quiproquó ocorreu em Itaguaí, onde o vice-prefeito Wesley Pereira — que na época da aliança estava no PT e, hoje, encontra-se sem partido — acusa o prefeito Luciano Mota, do PSDB, de descumprir acordos sobre a condução do município. Para além dos assuntos locais, porém, está em jogo quem cada um apoiará no pleino de outubro para o governo do estado. “Quem tiver o apoio do prefeito, terá minha oposição”, adianta Pereira.
Em carta aberta distribuída em março pelos Correios aos mais de 82 mil domicílios da cidade, ele denunciu o que chama de decaso na Saúde e nos programa sociais, a ausência de plano para a Educação e a desordem urbana. Ele reclama ainda que poucas pessoas da cidade comandam as secretarias. "Sem falar das denúncias de corrupção”, completa ele. O movimento, do qual é um dos líderes, chegou a reunir, na última semana, dezenas de pessoas no Centro da Cidade, pedindo a renúncia do prefeito.
Com discurso aparentemente conciliador, porém, Luciano Mota afirma lamentar o rompimento e garante que ainda está à disposição do vice o gabinete dele. Mas provoca, revelando que, embora rompidos e sem dar expediente, Wesley continua a receber seu salário.
Antes da querela em Itaguaí — ainda em 2013 — e a 53 quilômetros de lá, em Mesquita, o prefeito Gelsinho Guerreiro, do PSC, numa só canetada publicada no Diário Oficial, desmontou toda a estrutura do vice Waltinho Paixão, do PRP, exonerando, assim, todos os servidores do gabinete. O motivo para o ato intempestivo muda conforme quem conta.
“Recusei a proposta do prefeito de abrir mão da minha pré-candidatura a deputado estadual em favor da mulher dele”, relata Paixão. A versão é negada, porém, por Guerreiro, que afirma categoricamente:“Mentira!” Segundo ele, a separação deles não é política. É pessoal. “Não tem nada a ver com a pré-candidatura da minha mulher. Rompemos por questões pessoais”, retruca, ameaçando: “Se ele me provocar, eu vou revelar o que é.”
Confusão em Queimados por causa da família Picciani
A briga em Queimados ocorre em família e por causa de uma outra família: a Picciani. Na política há 14 anos e sempre à sombra do prefeito Max Lemos, o irmão Lenine decidiu aparecer. Colocou-se como pré-candidato a deputado federal, representando o município. Não contava, porém, com a lealdade de Max ao presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, que quer reeleger o filho Leonardo a deputado estadual e Rafael, a federal.
“Não quero montar aqui uma república da família. Não faço política familiar”, justifica-se o prefeito. Lenine, por sua vez, retruca.“Ele diz não querer fazer política familiar, mas apoia alguém que acha que a República é da família”, diz, referindo-se a Jorge Picciani.
Educador e pós-graduado em gestão pública, Lenine deixou o PMDB e se filiou ao PDT. Com isso, ambos apoiarão presidenciáveis diferentes. Max quer Aécio; Lenine, Dilma.
Parceria do Prefeito Dennis Dauttmam ao Governador Pezão tem provocado benefícios em vários bairros da cidade. Unico problema é que o Deputado Estadual Waguinho tem se promovido com a aliança. |
Dauttmam vai apoiar Pezão e Douglas da ACR Lindbergh Farias
Enquanto na última semana o prefeito de Belford Roxo, Dennis Dauttmam, do PC do B, fazia juras de lealdade eterna ao governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e sua campanha pela reeleição, o vice, Douglas Cardoso, do PTC — também conhecido como Douglas da ACR — participava de um almoço de apoio ao senador Lindbergh Farias, candidado do PT ao governo do Rio.
Apoiadores do Senador Lindbergh Farias ao Governo do Estado participaram de evento em Belford Roxo. |
Embora trilhe caminhos diferentes e tendo exonerado recentemente o vice da Secretaria de Educação, Dauttmam nega, no entanto, qualquer afastamento. “Não há crise, nem rompimento”, garantiu o prefeito. Douglas concorda. “Cada um age conforme sua consciência política”, afirma ele, que faz parte do grupo político de outro prefeito: Sandro Matos (PDT), de São João de Meriti.
Lá, aliás, a situação é a mesma. Matos não inclui nas suas decisões o vice, João Ferreira (PSB), também conhecido como João da Padaria. “O prefeito trata o vice quase como um objeto de decoração”, ironiza uma das lideranças do PSB, Ricardo Tonassi.
Fonte: O Dia
0 Comentários