Quem se impressionou com as filas na inauguração da Forever 21, no Village Mall, semana passada, ainda não viu nada: o grande sucesso fast fashion do Rio são mesmo as feiras de malha de Duque de Caxias. Abrindo somente três vezes por semana, elas têm atraído mais de 20 mil pessoas por mês. Os preços camaradas dos polos de moda na Rodovia Washington Luiz enlouquecem a mulherada. Afinal, onde encontrar blusinhas a partir de R$ 2, sainhas a R$ 4,99, tops de ginástica de “lycra boa” a R$ 12 ou vestidos de malha a R$ 20? É claro que, com preços tão baixos, as consumidoras não pensam apenas no próprio armário. Muitas apostam no bolso: as feiras viraram o endereço preferido de sacoleiras e donos de lojas sem confecção própria.
Estilo periguete
A corrida desbancou o tradicional centro atacadista da Rua Teresa, em Petrópolis, que tem visto várias de suas lojas descerem a Serra. Como fez a Cuca Fresca há dois anos. Viviane Amorim, uma das sócias, diz que a decisão foi acertada.
Mas que ninguém espere no Feirão de Malhas e no Feirão Moda Rio os comportados modelitos petropolitanos. Embora haja lojas plus size, masculina e infantil, o que impera nas feiras de Caxias é o estilo periguete. Isso é visto já nos manequins, que, em lugar das figuras esquálidas da Zona Sul, apresentam seios e quadris avantajados, na medida para shorts com detalhes em strass e dourado (a partir de R$ 29,90) e peças como o body Cláudia Leitte — de mangas longas, com um vertiginoso decote nas costas adornado por um babado — cuja versão animal print sai por R$ 25.
O foco das feiras é o atacado, explica Fábio Vieira Azara, administrador do Feirão Moda Rio, que existe há quatro anos e está em processo de expansão: em abril, devem ser inauguradas mais 50 lojas. Os próprios lojistas deixam bem claro que o nicho é o atacado. Na última quarta-feira, três deles reclamaram, afirmando que a reportagem do GLOBO iria atrair pessoas querendo apenas duas blusinhas, atrapalhando o atendimento de quem vai comprar 200. Sacoleiros também não gostaram:
— Vocês vão dizer que o vestido que eu vendo por R$ 70 custa R$ 20 e ainda dar o endereço? Vão acabar com meu negócio — protestava uma sacoleira que vende na Rocinha.
Até entre as consumidoras de varejo houve queixas:
— Meu nome? Não vou dar não, e pede para apagar a minha foto na fila. Tenho que manter a pose. Vou comprar um vestido de R$ 35 para minha filha e dizer que é da Animale — dizia uma arquiteta, moradora do Jardim Botânico.
Pode não estar fácil para a arquiteta, mas para lojistas e sacoleiros vai tudo de vento em popa. Tem loja que, por dia, fatura R$ 10 mil, chegando a R$ 25 mil no Dia das Mães ou no Natal.
— Já vi vestido meu em loja de Botafogo por R$ 100 — diz Cintia Fernandes, dona da marca de mesmo nome.
Já Rosa de Jesus gastou R$ 4 mil em shorts jeans. O preço? No máximo R$ 33.
— Vendo por R$ 70, R$ 80, as periguetes compram todos.
Azara corrobora essa visão:
— A mercadoria aqui é mais para a noite, mais periguete. Não é roupa para durar, é para arrasar na noite e não repetir.
Já o prefeito de Caxias, Alexandre Cardoso, acaba de autorizar um outlet perto da Rio-Magé. Segundo ele, nos dois primeiros meses deste ano, a cidade respondeu por 30% das vagas criadas no estado.
Sacoleiros são maioria, mas há clientes de varejo até da Zona Sul
‘A mercadoria é mais para a noite, mais periguete’, diz administrador de feira
O foco das feiras é o atacado, explica Fábio Vieira Azara, administrador do Feirão Moda Rio, que existe há quatro anos e está em processo de expansão: em abril, devem ser inauguradas mais 50 lojas. Os próprios lojistas fazem questão de deixar bem claro que o nicho é o atacado. Na última quarta-feira, três deles reclamaram, afirmando que a reportagem do GLOBO iria atrair pessoas querendo apenas duas blusinhas, atrapalhando o atendimento de quem vai comprar 200. Alguns sacoleiros também não gostaram:
— Vocês vão dizer que o vestido que eu vendo por R$ 70 custa R$ 20 e ainda dar o endereço? Vão acabar com meu negócio — protestava uma sacoleira que vende na Rocinha.
Até entre as consumidoras de varejo houve queixas, mas por outras razões:
— Meu nome? Não vou dar não, e pede para apagar a minha foto na fila. Tenho que manter a pose. Vou comprar um vestido de R$ 35 para minha filha e dizer que é da Animale. Dependendo de quem veste, a roupa fica bonita — dizia uma arquiteta, moradora do Jardim Botânico, que levava uma sacola abarrotada.
Pode não estar fácil para a arquiteta, mas para lojistas e sacoleiros vai tudo de vento em popa. Tem loja que, por dia, fatura R$ 10 mil, chegando a R$ 25 mil em Dia das Mães ou Natal.
— Já vi vestido meu em loja de Botafogo por R$ 100. Tem gente do Pará que vem comprar comigo. Eu pesquiso, vejo tendências para criar. Semana que vem lanço coleção nova, vai ter festa, brinde — diz Cintia Fernandes, dona da marca de mesmo nome.
Já Rosa de Jesus gastou R$ 4 mil em shorts jeans no Feirão de Malhas. O preço? No máximo R$ 33.
— Vendo por R$ 70, R$ 80, as periguetes compram todos.
Azara corrobora essa visão:
— A mercadoria aqui é mais para a noite, mais periguete. Não é roupa para durar, é para arrasar na noite e não repetir.
Já o prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, acaba de autorizar um outlet perto da Rio-Magé, o que deve gerar mais empregos. Segundo ele, nos dois primeiros meses deste ano, a cidade respondeu por 30% das vagas criadas no estado.
Fonte: O Globo/ Maria Elisa Alves
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