A um dia de o governador Sérgio Cabral deixar o Palácio Guanabara, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) subiu o tom contra o ex-aliado, ao fazer uma avaliação dos sete anos e três meses em que o peemedebista esteve à frente do estado do Rio. Na opinião do petista, pré-candidato ao governo estadual, o segundo mandato de Cabral foi "muito mal", porque "perdeu a conexão com a vida comum das pessoas". Nesta sexta-feira, logo após o governador transmitir o cargo ao vice Luiz Fernando Pezão, Lindbergh deu uma entrevista coletiva em que fez publicamente algumas críticas. Ao EXTRA, ele adiantou os principais pontos de sua crítica.
Qual é a sua avaliação do governo Cabral?
Lindbergh: O governador começou bem o primeiro governo, mas terminou mal, muito mal, este segundo. Houve um grande distanciamento da vida das pessoas. Perdeu a conexão com a vida comum das pessoas. E isso fez com que as conquistas do primeiro mandato fossem ameaçadas neste segundo.
A que conquistas o senhor se refere?
Lindbergh: Quais eram os principais pontos? Vejamos as finanças públicas. No primeiro mandato, as contas públicas estavam bem. Hoje, o estado do Rio está quebrado. Em 2013, houve déficit de R$ 4,7 bilhões. A previsão de déficit para 2-14 é de R$ 5,5 bilhões. As UPPs foram uma boa iniciativa, a ocupação foi necessária, mas faltaram serviços públicos. Foi feita só a primeira parte. Tem que haver escola integral e curso profissionalizante nas favelas com UPPs. E não fez a reforma da polícia, para criar uma polícia realmente comunitária, para que o policial conquistasse a comunidade para o projeto. A lógica é menos força de ocupação e mais policiamento comunitário. Houve uma migração da violência para outras regiões, que já se reflete nos números. Houve 13.866 roubos em janeiro, sendo 30% a mais do que quando o Cabral entrou. Na Baixada, os roubos subiram demais.
O candidato do governador, o atual vice Luiz Fernando Pezão, assume amanhã a administração. O senhor acredita que a posse poderá melhorar o desempenho dele nas pesquisas eleitorais?
Lindbergh: Acho pouco provável. Não há clima para voltar por cima. As pessoas esquecem que o Cabral está mal avaliado porque eles (Cabral e Pezão) esqueceram o que é a rua. A região metropolitana do Rio está com a pior mobilidade do país. O Rio está parado no trânsito. O estado não faz regulação nos transportes. A Agestransp (agência responsável por regular os transportes de concessão do estado) é uma vergonha. Temos a maior falta d'água em 30 anos. A maioria das casas de Duque de Caxias, por exemplo, não está ligada na rede de água. Na educação, o Rio é o 15o. colocado no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, indicador usado pelo governo federal para medir o desempenho deste segmento educacional).
Qual será o ponto central da sua crítica ao governo Cabral?
Lindbergh: Será que o PMDB trabalhou para o Rio do cartão postal. Na Baixada, por exemplo, nada foi feito.
Como o senhor vê a parceria da administração estadual com o governo federal, do seu partido, o PT?
Lindbergh: A parceria com o governo federal foi muito boa, mas ele não soube aproveitar. Poderia ter sido feito muito mais com o apoio do governo federal.
A presidente Dilma Rousseff esteve publicamente diversas vezes com Pezão e Cabral, seus adversários. Isso lhe incomoda?
Lindbergh: De jeito nenhum. A presidenta Dilma e o presidente Lula resistiram a uma pressão danada do PMDB, mas estar publicamente com eles é um movimento natural.
Fonte: Extra Online
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