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Polícia conclui que justiceiros comandaram execução em Belford Roxo.

“Você sabe que não pode fazer isso aqui! Não tem como. Na nossa mão, não tem como’’. Essas foram as últimas palavras que Igor de Oliveira Falcão, de 20 anos, ouviu antes de ser executado com três tiros em plena luz do dia na Estrada Plínio Casado, em Belford Roxo. Dois meses após o crime, a polícia conseguiu esclarecer o que motivou os quatro homens que aparecem nas imagens a matar o jovem e seu amigo Victor Fernandes, de 18 anos.

A partir da análise do áudio da gravação da execução, revelada pelo EXTRA, a 54ª DP (Belford Roxo) chegou à conclusão de que os quatro homens estabeleceram “justiça privada”, nas palavras do delegado Luiz Henrique Guimarães no pedido de prisão preventiva dos quatro.

Na análise do áudio, feita por peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, é possível perceber que Igor, segundos antes de ser morto pede: “Eu só quero ir embora, eu só quero ir embora”. O homem de bermuda branca que segura Igor pela cabeça é Paulo Roberto Pereira Bruno, preso na quinta-feira. É dele a voz que dialoga com Igor. Em depoimento, ele confessou que “não tinha como deixar o Igor ir embora, eis que ele tinha acabado de praticar um roubo”. Na delegacia, agentes pediram a Paulo Roberto para ouvir a gravação e escrever num papel as palavras que havia dito. O acusado repetiu as mesmas palavras descobertas pelos agentes e ainda acrescentou que Igor, antes de morrer, ainda disse: ‘‘Já é’’.

— As provas mostram que eles eram justiceiros que não toleravam roubos na região — afirma o delegado.

Além de Paulo Roberto, Cleiton Antônio de Miranda — o motorista da moto que leva o atirador à cena do crime — e Gabriel Fernandes de Araújo, dono da moto e que também aparece segurando Igor na filmagem, também foram presos. O único foragido é o atirador, Douglas Idael Pereira Ramos.‘Se o cara for vagabundo, já era’

Antes de aparecer nas imagens que rodaram o país, Douglas Idael Pereira Ramos se considerava o dono do Bairro da Prata. O depoimento de sua mãe, Simone Pereira Pojo, conhecida como “Ciganinha da Prata’’, à polícia revela que, meses antes do crime, Douglas deu ordem para comerciantes e moradores do bairro: assaltos não seriam mais tolerados e passariam a ser punidos.

“Desde a ordem, a praça está livre de vagabundos e traficantes”, afirmou Simone, que reconheceu seu filho nas imagens. Ela disse que “não sabe dizer quantos marginais seu filho executou. Se o cara for vagabundo, para Douglas, ele já era, pois ele tem ódio de vagabundo”.

Até ter um mandado de prisão em seu nome e ficar foragido, Douglas e a mãe moravam juntos, próximo ao local do crime, na Estrada Plínio Casado. Simone tinha, inclusive, aspirações políticas: em 2008, ela se candidatou, pelo PSB, a vereadora em Belford Roxo. Na ocasião, com 142 votos, não conseguiu se eleger.
Fonte: Jornal Extra
Por Rafael Soares

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