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Fechamento da Perimetral muda a vida do trabalhador. Medo de "megaengarrafamento" antecipa o despertar de quem chega de manhã ao Rio. Famílias mudam hábito e dormem cedo.

Usuários estão saindo de casa mais cedo.
Enquanto o galo ainda curtia seus últimos minutos de sono, o despertador de Samantha de Souza Correa, 20 anos, informava que era hora de acordar. Às 4h da última quarta-feira, ela se apressava para não perder a carona do pai até o Centro de São Gonçalo, onde o ônibus, já lotado, costuma passar às 5h20. Entre o frenético balé de faróis em plena madrugada na Ponte Rio-Niterói, a recepcionista seguiu em pé até a Central do Brasil, onde pegou o Metrô até Copacabana, seu destino final.

Nos últimos dias, os ponteiros de Samantha e de outros moradores das regiões metropolitanas do Rio, e de bairros mais afastados, foram antecipados à força. E o despertar na madrugada não tem a ver com o horário de verão. O fluxo intenso se tornou, na verdade, um mecanismo de fuga de possíveis longos engarrafamentos, previstos com o fechamento da Perimetral para demolição.

Ontem de manhã, o prefeito Eduardo Paes caminhou sob o trecho que será implodido, vistoriou as obras e pediu para que os cariocas voltem hoje das viagens no feriado, evitando o primeiro dia útil do bloqueio. “Se as pessoas não colaborarem, vamos ter uma situação beirando ao caos”, disse Paes, pedindo também para que a população evite ir ao Centro de carro durante a semana.

MOVIMENTO NA PONTE
Na quarta-feira passada, as ruas de São Gonçalo, Niterói e Baixada Fluminense já estavam movimentadas às 4h40. Desde segunda, segundo a CCR, a Ponte registrou diminuição de 7% no fluxo entre 6h e 10h, o horário de pico. E notou-se um aumento de cerca de 4% na circulação, das 5h às 6h.

“Antes saía de casa às 5h40, pegava o ônibus de 6h e ainda ia sentada. Conseguia chegar no hotel às 7h. Depois que a Perimetral fechou, parece que todos tiveram a mesma ideia. Como o fluxo de carros foi antecipado, você acaba pegando muito mais trânsito nos seus antigos itinerários”, explica a recepcionista Samantha.

Diante da pressa, Samantha sentiu os impactos no dia a dia. O café da manhã ficou para mais tarde, evitando atrasos no trajeto, apesar de o tempo de viagem ainda ser, mais ou menos, o mesmo de antes, da Avenida Presidente Kennedy até a Presidente Vargas.

“Tenho ido dormir às 21h. Perco até a novela. Mas a expectativa é que o trânsito melhore, pois se for para passar por isso e não adiantar, não sei como será. Talvez tenhamos que dormir no trabalho”.

Tempo de viagem aumenta para moradores da Baixada
Para os moradores da Baixada Fluminense, o tempo de viagem aumentou, assim como as filas nos terminais das rodoviárias. De Nova Iguaçu ao Centro do Rio, por exemplo, a viagem passou de duas horas para mais de três horas. 

E a situação pode piorar a partir de amanhã, primeiro dia útil após o fechamento da Avenida Rodrigues Alves. Na data, técnicos começam a preparar a implosão da Perimetral, marcada para o dia 24. Na quinta-feira passada, o Terminal Rodoviário de Nova Iguaçu estava cheio às 4h. Numa só linha que vai para a Praça 15, três filas foram formadas. 

“Antes embarcava no ônibus das 6h, mas peguei o de 5h para não chegar atrasado no trabalho. Tive que encarar três filas na plataforma para viajar sentado. Um absurdo!”, criticou o auxiliar de processos Marcos Rafael Pereira Soares, de 23 anos. 

Moradora de Duque de Caxias, a enfermeira Tânia Torquato, 53 anos, também tem sofrido com os congestionamentos: “Pego engarrafamento na Avenida Brasil, na Dutra e próximo à Rodoviária Novo Rio. Vou passar a ir de trem para ver se melhora”.

Casal passou a dormir uma hora a menos
O casal Álvaro Pedrosa e Selma Nascimento, ambos de 35 anos, tentou optar por trens e metrôs, mas desistiu diante da superlotação. Para eles, o ônibus ainda é uma boa opção com antecedência. “Deixei de embarcar às 5h para viajar uma hora mais cedo. É uma hora a menos de sono, mas vale a pena”, comparou Álvaro.

Ao longo da semana foram registradas filas e estações lotadas no Metrô e nos trens. A Supervia registrou aumento de 7,5% no número de passageiros, enquanto o Metrô, que antecipou o horário de funcionamento, teve crescimento de 30 mil usuários.

Mais espera nas estações
Outra alternativa para quem vem de longe são as barcas. Mas pelo twitter, usuários reclamam que, apesar da reforma da estação de Niterói, o tempo de espera pelas viagens aumentou, passando para 15 minutos no Centro. 

“Estação Niterói lotada, com grandes filas que passam das portas. Espera de no mínimo 15 minutos”, publicou Hebert Calor. A CCR Barcas informou que houve um aumento de 14%, comparado ao mesmo período da semana do mês de outubro, no número de passageiros. Desde quarta, o número de viagens da Praça Arariboia à Praça 15, até às 10h, foi de 24 para 32.
Fonte: O Dia

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