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Do lixão à seleção: a trajetória de Alexsandro Ribeiro, zagueiro do Lille, convocado por Ancelotti

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CRIA DA BAIXADA -  A primeira lista de convocados do técnico italiano Carlo Ancelotti à frente da Seleção Brasileira revelou uma surpresa notável: Alexsandro Ribeiro, zagueiro de 25 anos que atualmente defende o Lille, da França. Essa convocação marca um momento singular na carreira do defensor, que nunca teve a oportunidade de atuar profissionalmente no futebol brasileiro e esta é sua primeira vez com a camisa canarinha.

Alexsandro iniciou sua trajetória no futebol nas categorias de base do Flamengo, onde jogou no sub-17 ao lado de talentos como Hugo Souza e Vinícius Júnior, também convocados por Ancelotti. Juntos, conquistaram sete títulos no Rubro-Negro, mas o destino de Alexsandro seguiu um caminho diferente do estrelato de seus companheiros, levando-o, em um período desafiador, a ficar desempregado.

Após deixar o Flamengo, o zagueiro teve uma breve passagem pelo Resende, antes de sua vida tomar um novo rumo em Portugal. Em 2019, depois de quase um ano sem clube, Alexsandro recebeu uma chance de atuar pelo Praiense, um time da terceira divisão. Seu desempenho destacado lhe rendeu transferências para Amora e Chaves, onde continuou a crescer. Em 2022, o Lille apostou em seu potencial, e Alexsandro não decepcionou: em sua temporada de estreia, jogou 23 partidas e marcou três gols, além de ajudar a equipe a retornar à Liga dos Campeões da Europa.

Foto: Arquivo Pessoal

Ao longo da temporada 2024-25, o zagueiro teve um papel central, apresentando-se em 47 dos 51 jogos do Lille, contribuindo com um gol e três assistências. Agora, Alexsandro se prepara para representar o Brasil em jogos importantes contra Equador e Paraguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.

A repercussão da convocação foi celebrada nas redes sociais do Lille, que destacou a importância de Alexsandro para a história do clube. “Estamos orgulhosos de ver nosso jogador dar esse novo passo em sua carreira”, afirmou a equipe em seu site.

Nascido na comunidade do Dique II, em Duque de Caxias, Alexsandro lutava para ter o que comer. A "Rampa" era um dos grandes símbolos do lixão de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, cidade localizada na Baixada Fluminense, ao lado do Rio de Janeiro. O lugar fez parte da vida de Alexsandro por muitos anos. Era lá que a mãe vendia objetos para ganhar dinheiro e sustentar os cinco filhos. Foi também na "Rampa" que Alex ganhou algumas roupas.

Ainda na adolescência, ele começou a jogar no Flamengo ao lado de Vini Jr, mas enfrentou um caminho diferente do colega. Alex ficou mais de um ano sem jogar até ter uma oportunidade na terceira divisão de Portugal. Depois, rodou no país lusitano até chegar ao Lille, pelo qual disputou a Champions League.

Alexsandro Ribeiro chora ao lembrar de tempo no lixão: "Me reergui pela minha família"

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Em entrevista realizada em novembro de 2024, o zagueiro se emocionou ao lembrar dos momentos em Gramacho:


- Sempre me reergui pensando na minha família. A situação que a gente estava era muito precária, e eu queria tirar dessa situação. Mesmo que aquilo me entristecesse, me desanimasse, quando eu abria a geladeira e não tinha nada para comer, abrindo o armário e não tinha um biscoito... aquela situação que era negativa, eu transformava em positiva para me reerguer. Foi a falta de tudo, do básico, dentro da minha casa que eu fiz como se fosse positiva. Eu menti para mim mesmo. Eu sabia que as coisas poderiam não acontecer, mas eu voltei a acreditar e fiz acontecer. Eu desisti, mas com as dificuldades que passei dentro de casa, eu tornei isso a minha força.

Hoje, Alexsandro é titular absoluto do Lille e chegou a disputar as oitavas de final da Champions League. Ele diz ser apaixonado pela cidade e pelo clube. Com contrato até 2028, o zagueiro vive um momento muito positivo pela equipe. Em outubro, ele estava em campo na vitória por 1 a 0 sobre o Real Madrid na Champions League. Antes do jogo, um reencontro marcou o camisa 4.


- Quando estava no túnel para entrar em campo, do nada o Vini veio e me deu um abraço. Falou: “Estou feliz por te ver aqui, irmão. Depois do jogo a gente conversa”. Aquilo encheu meu coração de alegria e motivou ainda mais dentro de campo, o que foi um pouco ruim para ele. Aquilo me inspirou de uma forma muito grande - conta.

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Alexsandro Ribeiro trabalhou no lixão antes de carreira como jogador de futebol


- A gente ficou 10 anos sem se ver, sem se falar. Ele lembrou daquele tempo que a gente estudava em Vargem Grande, do tempo que a gente jogava junto, e aquilo foi muito positivo. Ficamos resenhando o tempo todo (depois do jogo) falando da época de escola, da época de Flamengo. Ele falou o quanto eu evoluí, o quanto eu cresci, que estava feliz. Eu também estava feliz por ver ele. Eu o vi com 14, 15 anos... Depois de 10 anos, vi dessa forma, disputando Bola de Ouro. Fico feliz por ele. Ele vem de uma situação difícil, em São Gonçalo, onde ele morava. Eu lembro do primeiro jogo dele, contra o Atlético-MG, e aquilo me motivou a avançar. Sem ele saber, ele motiva muitas pessoas. É um moleque de ouro - elogia Alex.

- O mercado, hoje, é muito diferente do que era quando o Brasil conquistou seu título mundial. Muitos clubes que não disputam os títulos das principais ligas da Europa possuem profissionais dedicados exclusivamente ao mercado brasileiro, o que faz com que alguns jogadores deixem o país antes de se destacarem nos clubes em que foram formados. Por isso, é cada vez mais comum o grande público se surpreender com uma convocação - comentou Frederico Pena, CEO da Roc Nation Sports Brazil, empresa de esporte e entretenimento que gerencia a carreira do jogador.

Fonte: Globo Esporte/Surgiu

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