A reputação da Praça de Heliópolis começou a mudar desde a chegada da roda cultural, às quintas-feiras. Com batalhas de MCs, skate, hip hop e exposições, o evento está dando uma nova cara ao local.
— Durante uns dez anos, a praça recebeu um evento de funk que sempre acabava em confusão. Tinha muita briga e pegas de carro. A situação foi ficando mais crítica e o prefeito proibiu — conta a fundadora da roda, Gabriela Moura, de 22 anos.
Moradora de Belford Roxo, a produtora cultural percebeu o quanto a praça foi assumindo uma imagem negativa. Sem o funk, porém, o local ficou completamente abandonado. Durante uma conversa com o amigo e artista plástico Charles Queiroz, de 28, Gabriela teve a ideia de fazer uma nova ocupação.
— Decidimos criar um evento cultural. Começamos juntando nossa galera e, aos poucos, a roda cresceu — conta Charles, que divide o trabalho com a produtora.
Tudo começou com o hip hop. Os skatistas faziam manobras na pequena pista da praça, enquanto os MCs participavam da batalha. O primeiro encontro aconteceu em agosto.
— Ocupamos o espaço público, estamos dando movimento à praça — diz Gabriela, acrescentando que a ocupações deste tipo estão acontecendo em toda a Baixada: — As nossas praças estão sendo tomadas pela cultura e por eventos alternativos.
As rodas têm sempre oito horas de duração, começando às 18h.
Ideia é chegar a vários locais de Belford Roxo
— Decidimos que a roda é um espaço para debater. Já falamos sobre racismo, preconceito, feminismo. É fundamental ter uma discussão. Lutamos para desconstruir a visão de que o jovem não deve entrar na política — expõe Gabriela.
Sonhando mais alto, a roda quer dominar outras praças de Belford Roxo. De acordo com Charles, os investimentos estão sendo aplicados na criação de uma identidade visual:
— Queremos ter uma marca forte, para que todos saibam o que está acontecendo perto de sua casa.
A praça fica na Rua Caciporé, em Heliópolis.
O próximo encontro acontecerá no dia 16. O tema da edição? O aniversário de Belford Roxo
— Ainda estamos fechando a agenda, mas queremos reunir o máximo possível de artistas e outros eventos que acontecem no município — explica Gabriela, que também pretende discutir os problemas de Belford Roxo: — Precisamos de muitas mudanças estruturais. Queremos colocar as ideias na mesa e debater do nosso jeito.
Além de skatistas e MCs, a roda abre espaço para a venda de produtos ligados ao hip hop, como camisetas, bonés e tênis. Há lugar até para o Brechó da Dona Pavão, de Nova Iguaçu:
— Queremos todas as tribos. Essa mistura é legal porque já conseguimos atrair pessoas de outras regiões, da Zona Norte à Zona Sul do Rio.
Fonte: Extra - Caderno Belford Roxo
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