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Escritório do crime em unidades da PM em Duque de Caxias.

Policiais presos foram flagrados discutindo pagamento de propinas com traficantes em Destacamentos de Policiamento Ostensivo.
As gravações telefônicas que levaram as polícias do Rio e Federal a prender 63 PMs mostram que pelo menos seis Destacamentos de Policiamento Ostensivo (DPOs) de Duque de Caxias foram transformados em escritórios do crime organizado.

Os agentes investigados aparecem nas conversas negociando com os traficantes a entrega de propinas e do pagamento de resgates nas instalações da PM. Para disfarçar, os militares chamam a unidade de "casinha" ou "quadrado".


Em um diálogo, ocorrido em 4 de maio, o sargento André Luís Fernandes da Costa, o Russão, combina a remessa de R$ 3 mil para liberar o traficante identificado como Luiz Fernando.

Depois de acertar o valor, o bandido avisa ao policial: “Aí, o amigo da moto tá indo aí pra levar... Tu tá do lado da casinha (DPO de Jardim Primavera), né?”. O PM confirma: “Do lado da casinha, na pracinha”.
Encontros constantes
O monitoramento dos investigadores mostra, inclusive, que eram frequentes os encontros nos destacamentos. Tanto que, três dias depois, foi a vez de o sargento Hélio Ricardo de Souza Cordeiro, o Angolano, combinar com o traficante Willian da Silva, o Pit, de deixar a propina dele na ‘casinha’ de Santa Cruz da Serra.
O mesmo traficante, dias antes (27 de abril), combinou com o cabo Dario Fabrício Barbosa da Silva, o Chocolate, o pagamento da propina. O militar, então, pergunta que horas ele vai passar na ‘casa dele’ (DPO da Figueira).
Fazer os pagamentos no DPOS era tão comum, que o sargento Orlandino de Souza cobra dos traficantes da Vila Real o ‘arrego’ em 20 de maio.
Uma hora depois, o bandido deixa o dinheiro no DPO de Imbariê. Não satisfeito, o PM pede as propinas para o destacamento de Jardim Primavera, em razão da falta de operações na Santa Lúcia e Parada Angélica. E diz que está no ‘quadrado’ aguardando a resposta.
"A intenção é fazer contato com o amigo"
Escutas da Operação Purificação mostram que os policiais preferem cruzar os braços e ganhar propinas. Num dos trechos, o sargento Douglas Ribeiro Miranda faz jus ao apelido de HC (Habeas Corpus).
Ao conversar com o traficante Willian da Silva, diz que só entrou na Favela Vai Quem Quer devido ao atraso nos "arregos": “Estive hoje e, se for preciso, vou de novo. A intensão não é ir, é fazer o contato com o amigo e sair fora e ficar tudo tranquilo, a gente e vocês”.
O sargento Alexandre de Severo, o Lateral, diz para o mesmo traficante, em 12 de agosto, que vai começar a trabalhar, após a suspensão da propina: “Então tá maneiro, dá papo nele aí, que a gente vai começar a trabalhar, entendeu?”.
Fonte: O Dia/G1

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