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PORTO ALEGRE TEM ENCHENTE HISTÓRICA E NÚMERO DE MORTOS CHEGA A 57, MAIS DE 300 MUNICÍPIOS ATINGIDOS

RIO GRANDE DO SUL - O Rio Grande do Sul tem registrado nos últimos dias um grande volume de chuvas, o que causou a morte de 57 pessoas até o meio-dia deste sábado (4/5). Outras 67 estão desaparecidas. Cerca de 32,6 mil pessoas estão desalojadas.

Segundo a Defesa Civil estadual, 300 dos 497 municípios gaúchos foram afetados pelas fortes chuvas que se estendem desde o início da semana.

A capital Porto Alegre já enfrenta a maior enchente da sua história. O rio Guaíba ultrapassou o nível de 5 metros na sexta-feira (3/5), superando a marca histórica registrada em 1941, segundo a Rede Hidrometeorológica Nacional.

No começo da noite de sábado, Porto Alegre teve uma boa notícia. Às 18h, o nível do Guaíba na Usina do Gasômetro, que havia atingido a marca recorde de 5 metros e 19 centímetros horas antes, apresentou uma pequena redução de 1cm, chegando a 5 metros e 18 centímetros. Foi a primeira queda no nível da água naquele ponto desde terça-feira, 30 de abril.


Em entrevista a jornalistas no sábado (4/5), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) afirmou que a grave situação causada pelas enchentes no Estado vai exigir a adoção de um “Plano Marshall”.

O Plano Marshall foi a estratégia americana de reconstrução da Europa aliada após a Segunda Guerra Mundial.


“Vamos precisar de medidas absolutamente excepcionais. O Rio Grande do Sul vai precisar de um Plano Marshall, de medidas absolutamente extraordinárias. Quem já foi vítima das tragédias não pode ser vítima de desassistência e da burocracia”, disse o governador à imprensa.

Ainda na sexta-feira, a prefeitura recomendou o fechamento de estabelecimentos do Centro Histórico de Porto Alegre, diante do risco de rompimento de uma das barreiras que protegem a cidade da elevação das águas do Guaíba.

Outro desses portões já havia se rompido mais cedo, deixando vários pontos de alagamento na cidade.


No Estado inteiro, a situação fez com que fosse decretada calamidade pública na quarta-feira (1/5). As consequências dos temporais, como enchentes e transbordamento de rios, foram classificadas como desastres de nível 3, que são "caracterizados por danos e prejuízos elevados".

As aulas da rede estadual foram suspensas nesta semana. Ao todo 700 mil alunos foram impactados.

Na quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou o Estado e prometeu ajudar os governos locais.

"Como cidadão eu vou rezar para que a chuva não castigue mais pessoas no Rio Grande do Sul. Como governante, farei tudo o que for possível para auxiliar os governos municipais e estaduais a remediar os danos as milhares de famílias", afirmou.

O governador do RS, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que o total de mortes deve aumentar.

"Não vamos titubear. Faremos tudo que for possível e, se for necessário, vamos brigar com quem tiver que brigar para colocar todas estruturas em campo no Rio Grande do Sul", afirmou, em publicação no X (antigo Twitter).

Segundo o Climatempo, as chuvas devem continuar nas regiões de Santa Maria, vales dos rios Taquari, Caí e Pardo, Região Metropolitana, Serra, Norte e Noroeste. A previsão de instabilidade vai até domingo (5).

Com problemas de movimentação no Estado, o governo federal decidiu adiar a realização do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), que seria realizado no domingo. Ainda não foi divulgada uma nova data (leia mais abaixo)

A cidade de Fontoura Xavier é o município que registrou o maior volume de chuva do Estado, com 500,6 milímetros entre as 12h de terça e as 12h de quarta.

O volume é mais de três vezes maior do que a média histórica do município - 146 milímetros. Os dados são do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Sete cidades do Estado gaúcho estão entre as 10 com mais volume de chuvas registrado no mundo nas últimas 24 horas, segundo o serviço de meteorologia Ogimet, que possui base em mais de 6,6 mil estações em vários países. Os dados são da tarde desta quinta-feira (2).

A cidade de Santa Maria, apesar de não aparecer nesta lista, é uma das mais afetadas pela chuva, com desmoronamento de encostas, obstruções e bloqueios em vias urbanas e rurais. Onze pontes caíram e há áreas de inundação em diversos pontos. Ao menos duas pessoas morreram.

Por lá, já são 436,2 milímetros de chuva acumulado nos últimos três dias, volume muito acima dos 140 milímetros registrados normalmente no mês todo. Por causa dos estragos 70% da população está sem o abastecimento de água.

Outra região bastante afetada é a área do Vale do Taquari, que abrange 40 municípios. O rio que corta a região e possui o mesmo nome atingiu 31,2 metros de altura e atingiu o maior nível da história. Até então o nível mais alto já registrado era de 29,9 metros, em 1941.

Na noite de quarta-feira, o governador Eduardo Leite solicitou que os moradores dessa região deixem suas casas.

"Infelizmente, a situação deste ano deverá ser pior que a de 2023. Veremos ainda um aumento nos níveis dos rios devido às chuvas. Então, é crucial que as pessoas se protejam e busquem abrigo em locais seguros, longe do perigo das inundações. Também pedimos que tomem cuidado com locais de encostas, onde pode haver deslizamentos devido ao encharcamento da terra", disse Leite, durante coletiva de imprensa.

Ainda segundo o governador, as equipes de resgate enfrentam dificuldades para realizar as operações, devido ao mau tempo e à precariedade nos acessos.

"Precisamos de todos os recursos técnicos e humanos para salvar vidas neste momento. Estamos testemunhando um desastre histórico, infelizmente. Os prejuízos materiais são gigantescos, mas nosso foco neste momento são os resgates. Ainda há pessoas aguardando o socorro", acrescentou o governador.

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Diante das enchentes históricas, o governo Lula decidiu adiar as provas do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), ou "Enem dos Concursos", previstas para o domingo.

A informação foi confirmada pelo governo federal na tarde da sexta-feira (3/5).

Com mais de 6,6 mil vagas, este vem sendo chamado em sites de cursos preparatórios de "o maior concurso de todos os tempos". Mais de 2,1 milhões de pessoas se inscreveram.

"A gente percebeu realmente que esta é uma situação de agravamento sem precedentes", disse Esther Dweck, ministra da Gestão e Inovação em Serviços Público, pasta responsável por organizar o concurso.

Ela afirmou que a situação das chuvas na região Sul do país tem se agravado cada vez mais, o que impede a realização das provas em diversas localidades.

Ainda não há uma nova data para a aplicação da prova. Dweck afirmou que ainda é preciso fazer discussões logísticas em todo o país para definir a nova data.

"Nas próximas semanas poderão divulgar nova data, mas neste momento, toda a questão logística não permite divulgar nova data", disse.

Havia mais de 2,1 milhões de inscritos no concurso.


Fonte: BBC

Link: https://www.google.com/amp/s/www.bbc.com/portuguese/articles/c136m7y3vrzo.amp


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