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Um Pouco de História: Especialista da história da Baixada Prof. Genesis Torres esclareceu sobre impactos das obras no Rio Iguassú realizadas no grande plano de saneamento em 1936. Problemas com Enchentes assolam a região até os dias de hoje. Região do LOTE XV uma das mais prejudicadas.

Ponto de Alagamento da Av. São Francisco no bairro Vasco no Lote XV em 23/11/05. Imagem internet.

BAIXADA FLUMINENSE - Esta semana um alagamento na Avenida São Francisco no bairro Vasco no Lote XV, deixou moradores e motoristas ilhados. Problemas de drenagem assolam vários bairros da Baixada Fluminense desde épocas remotas que datam desde Brasil imperial. A ocupação irregular das margens dos rios e canais são uma das causas mais importantes das enchentes localizadas.

O Relatório do Presidente da Província do Rio de Janeiro, segunda edição publicada em 1853, foi lido na abertura da Assembleia Legislativa Provincial em 1º. de março de 1846 presidida pelo Senador Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho.

Ele trata de uma importante iniciativa do Governo Provincial para salvar a navegabilidade do Rio Iguassú, no auge da produção cafeeira no Vale do Rio Paraíba que descia pelo Iguassú (atual Rio Iguaçu) até os portos do Rio de Janeiro. As águas do Rio Utum se juntam às do Iguassú aumentando o volume e proporcionando a continuidade das navegações.

Ocupações irregulares ao longo do Dique do Rio Iguaçu no bairro Vila Alzira em Duque de Caxias
prejudicam ou impedem o acesso das retroescavadeiras. Famílias estão previstas par sair do local. 

O Relatório assim se manifesta: “obra já iniciada, observa-se que, acabada ela ainda não fica melhorada a navegação, é necessário cortar as muitas sinuosidades que tem o Rio Iguassú desde a sua foz até a Vila, na extensão de 15 léguas, pouco mais, ou menos, aproveitando-se a barra do Sarapohy”. Obras para acabar com as sinuosidades do Iguassú só foram realizadas no grande plano de saneamento proposto por Getúlio Vargas em 1936 com o engenheiro Hildebrando de Góes.

Pra quem não sabe, o curso natural do Rio Sarapuí foi modificado na década de 30 e foi interligado
ao Rio Iguaçu na região do Jardim Gramacho próximo a Foz na Baia da Guanabara. Obra causou desequilíbrio
ambiental e aumentou a incidência de enchentes nos bairros a jusante.

Na mesma indicação do relatório parlamentar, pedem-se igualmente recursos para a construção de um edifício que sirva para casa da câmara, do jury e da cadeia para a Vila. Pois, a utilizada é um prédio em ruínas alugado por um exorbitante valor de aluguel. A lei de nº 200, de 15 de maio de 1840, concedeu para a construção o benefício de duas loterias, que ainda não poderão correr, pela multiplicidade delas. A Loteria possuía os mesmos objetivos de hoje, era um meio que o imperador e ou o presidente da Província usavam para a comunidade arrecadar fundos e realizar uma determinada obra civil ou religiosa.

Na ilustração vemos o trajeto de 2 Canais, um vem do Vale das Mangueiras (vermelho) e outro vindo da Praça do
Wona (lilás) . Ponto de Alagamento no Bairro Vasco, construções impedem limpeza adequada do canal.

Outro projeto que a Câmara Legislativa da Província não considerou urgente era a desapropriação de uma área retangular de 750 braças de comprimento por 500 braças de largura (uma braça equivale a 2,20 cm), dentro da qual existia a povoação da Vila, medida e mapeada pelo engenheiro Júlio Frederico Koeler, e decretada pela lei nº 17 de 04/05/1958. O artigo 2º. da referida lei determinou a prévia indenização dos proprietários dos terrenos, que se tem de desapropriar, pelo cofre municipal e e pelas quantias decretadas pela Assembleia.

Projeto Iguaçu foi criado para Combater as Enchentes na Baixada Fluminense


No documento, a Câmara de Iguassú lembra que suas rendas são muito escassas e não podem desviar das aplicações para as quais são destinadas. Em 05 de outubro de 1842, a presidência da Província já tinha autorizado a Câmara de Iguassú a proceder a necessária avaliação dos terrenos e em 6 de dezembro nomeou uma comissão de três vereadores para tratar com os proprietários a esse respeito e obter deles o valor razoável de suas indenizações: o resultado seria dado logo que chegue ao conhecimento do governo. Nunca se soube o resultado.

Comentário Rogerio Gomes

Sem a remoção das centenas ou milhares de casas construídas ao longo das margens dos canais urbanos (que impedem a entrada das retroescavadeiras), o controle e ordenamento do solo urbano, o combate ao descarte irregular de lixo e entulho nas margens dos rios, a implementação de calçamento permeável de vias urbanas e a implementação de ações de politicas públicas previstas no escopo do Projeto Iguaçu, não conseguiremos de fato alcançar resultados eficazes que gerem resultados palpáveis nas vidas das famílias que moram nestas regiões mais baixas.

Fonte: GENESIS TORRES/O Dia
Editado por: Rogerio Gomes/Blog do Lote XV

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