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Alexandre Cardoso: ‘Meu candidato é o Pezão’.


Uma bacalhoada de respeito para umas 20 pessoas sai salgada para a maioria dos mortais. Mas Alexandre Cardoso, prefeito de Caxias, que serviu o banquete em casa, na quarta-feira passada, pode se arriscar a dizer que os R$ 1.200 gastos com a iguaria foram muito bem usados. Entre uma garfada e outra, o prefeito de primeira viagem do PSB abocanhou naquela tarde pelo menos R$ 12 milhões em obras para seu município. Entre os convivas, constavam lideranças empresariais, políticas e o representante da Secretaria estadual de Obras. Que, no final, foi quem pagou a conta.
Em asfalto, tijolos, cimento, manilhas... No dia seguinte, em entrevista ao EXTRA, no gabinete da prefeitura, Alexandre deu a receita que pretende seguir. "Volta e meia vou realizar esses encontros. E, no fim, terá sempre um que vai chegar junto", ri o prefeito de 60 anos, cinco filhos, médico, ratificando a máxima de que não existe almoço de graça.

Prefeito, a que o senhor atribui o cenário de terra arrasada deixado por seu antecessor, José Camilo Zito?
Ele verdadeiramente mostrou quem é. Isso tudo foi fruto da incapacidade dele de administrar.

De 0 a 10, que nota o senhor daria para o governo dele? E o de Washington Reis?
O primeiro governo do Zito, 8. O segundo, 7. O terceiro, 0. Para o do Washington, dou 6. Os dois primeiros anos dele foram bons, tinha o Sérgio Ruy (hoje secretário estadual de Planejamento), que é muito bom, aqui para ajudar. Depois, acabou se perdendo.

Mas, então, na sua opinião, a gestão de Zito não foi de todo um desastre...
Na primeira vez, quem governou Caxias, na verdade, foi o Marco Aurélio (filho do então governador Marcello Alencar), que queria se eleger deputado federal. Ele trouxe os quadros do estado para cá. Depois, o Zito teve que andar sozinho, e aí deu no que deu.

O senhor acha que hoje Zito tem cacife para se eleger pelo menos presidente da Associação de Moradores do Doutor Laureano (bairro em que o ex-prefeito tem uma casa, em Caxias)?
Não. Os vizinhos não votariam nele para nada.

O lixo foi a pior herança?
Não. A desmoralização do poder público é a pior de todas. O caxiense, hoje, está com a autoestima baixíssima. Nos últimos 12 meses, a cidade só saiu no noticiário pelo viés negativo.

Cite algo que o tenha deixado estarrecido.
Por exemplo, no Moacyr do Carmo (hospital de grande porte), dos dez leitos de UTI neonatal havia apenas um funcionando. Então, você imagina o que morreu de criança nos últimos anos...

Que prefeito da Baixada o senhor acha que se sairá bem?
É difícil analisar assim. Às vezes, o cara começa bem e depois desanda. Mas o Max (Lemos, do PMDB), de Queimados, que acabou de ser reeleito, está fazendo um bom trabalho.

Não é desconfortável para o senhor, de certo modo, ter alinhada ao seu governo gente que era ligada ao Washington Reis e ao Zito?
Não acho, não. Se você pensar que nos últimos 16 anos Caxias esteve nas mãos dos dois, eu não teria ninguém para me ajudar a governar.

Mas o seu vice, Laury Villar, chegou a ser o candidato do Zito numa eleição para prefeito...
Sim, mas ele rompeu com o Zito depois, não rompeu? O mais importante é as pessoas perceberem que as práticas são outras.

Como o senhor espera lidar com uma Câmara de Vereadores marcada por denúncias de corrupção?
Os vereadores sabem quem eu sou. Quer ver uma coisa: graças a um acordo costurado por mim com a Câmara, eles reajustaram os salários deles em 40% apenas, em vez de dobrar, como muita gente fez por aí. Eles já perceberam que há uma nova forma de dialogar.

Mas o senhor acha seu salário de R$ 24.500 justo?
Por conta da situação de Caxias hoje, não. Mas eu acho que uma pessoa que administra um orçamento de R$ 2 bi deve, sim, ganhar bem. E quer saber: eu sugeri aos vereadores que eles diminuíssem o meu salário. Em dois, três mil. Eles não quiseram. É a primeira vez que falo isso.

Quanto estaria de bom tamanho, a seu ver?
Atualmente, acho que R$ 12 mil, R$ 13 mil.

O senhor já declarou morrer de amores pelo governador Sérgio Cabral. Mas Lindbergh Farias o ajudou na campanha. Pode haver um triângulo amoroso?
Meu candidato hoje é o Pezão (Luiz Fernando Pezão, vice-governador). O Lindbergh sabe disso.

Mas o Lindbergh disse que sai candidato de qualquer jeito.
Só quem não conhece política crê nesta possibilidade. Ele tem mandato de senador, não correrá o risco de perdê-lo.
Fonte: Extra Online

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