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Zito admite decretar estado de emergência sanitária em Caxias e sanitarista adverte sobre risco de cólera.

O prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito (PP), afirmou ontem que poderá decretar estado de emergência sanitária no município no dia 21. Segundo Zito, a medida será tomada se a Comlurb e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) cancelarem um acordo para o transporte do lixo da cidade para o aterro sanitário de Seropédica a partir de um transbordo no distrito caxiense de Figueira.

Zito afirma ter discutido o assunto com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Segundo ele, o acordo teria sido rompido pela Comlurb.

— O nosso aterro em Gramacho seria desativado no fim do ano, mas anteciparam isso para junho. O Inea nos autorizou a despejar o lixo em Figueira. De lá, a Comlurb o leva para Seropédica. Esse transbordo seria feito até o dia 31 e foi encurtado para o dia 20. A Comlurb rompeu o acordo. Falei com o Eduardo Paes e, se não houver solução, decreto estado de emergência sanitária — diz Zito.

Procurados, Paes e a Comlurb não responderam. A Secretaria de Conservação do Rio emitiu uma nota explicando que a Comlurb só intermediou a contratação da empresa Serb para realizar o transbordo do lixo.

— Não fizemos acordo algum. O Inea notificou o prefeito, com um ano de antecedência, que Gramacho seria fechado em 5 de junho, mas ele não fez nada. O local de transbordo virou um lixão e eles se comprometeram com o Ministério Público em se adequar até o dia 20. Isso não aconteceu e, em novembro, foi aplicada uma multa de R$ 1,8 milhão contra a prefeitura e de R$ 250 mil contra o prefeito — rebate a presidente do Inea, Marilene Ramos.

Questionado pela demora em procurar outro local para despejar o lixo de Caxias, Zito se defendeu:

— Nós usávamos o aterro há 40 anos. Os outros municípios que o usavam já levavam seu lixo para outros locais, mas houve essa situação. Não estamos buscando culpados, mas sim a solução. Não quero ser irresponsável, mas ajuda para ter mais agilidade na coleta de lixo para o Natal e o Ano Novo. Tenho 95 caminhões de lixo e a distância para Seropédica só permite uma viagem por dia. Até Figueira, faço cinco e trabalho melhor.

O próprio prefeito admite que a população pode temer pelo pior caso seja decretado o estado de emergência sanitária.

— Levando o lixo para Seropédica, o serviço vai se acumular aqui. A população pode termer pelo lixo na rua, por doenças e ratos. Não quero que isso aconteça porque tenho a responsabilidade de limpar a cidade.

De acordo com Zito, o acordo com a Comlurb teria sido rompido pelo excesso de lixo produzido em Caxias:

— Passávamos do limite de 800 toneladas por dia porque estamos recolhendo 1.200 toneladas diariamente devido ao acúmulo que ficou nos dias em que o serviço ficou parado na cidade.

Segundo o sanitarista Paulo Roberto Barbosa, os riscos pelo acúmulo de lixo nas ruas envolvem até a contração de doenças como a cólera, caso não seja encontrada uma solução para o despejo dos dejetos em Seropédica.

— O acúmulo de lixo e as chuvas potencializam os riscos de leptospirose (transmitido através da urina do rato), de dengue e hepatite A. Há ainda a contaminação do lençol freático, produzindo riscos de cólera, já que muita gente bebe água de poços artesianos — explica.

Já o prefeito eleito da cidade, o deputado federal Alexandre Cardoso (PSB), espera não assumir a cidade debaixo de montanhas de lixo:

— Decretar calamidade em Caxias é uma redundância. Eu não tenho instrumentos legais para fazer nada. Não entendo como se faz um acordo até 31 de dezembro, como no caso dos médicos terceirizados. Imagine então até o dia 21. Espero que haja bom senso entre todas as partes porque quem perde é a população.
Fonte: Extra Online

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