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PROCURA-SE: Duque de Caxias, uma cidade sem prefeito.

Procura-se o prefeito de Duque de Caxias. Na segunda cidade mais rica do estado do Rio, ninguém sabe onde está José Camilo Zito dos Santos (PP), que vem mantendo-se recolhido desde que a população começou a demonstrar nas ruas a insatisfação com a sua gestão. E não é difícil descobrir os motivos: qualquer morador é capaz de citar a crise na coleta de lixo, a deficiência no sistema público de saúde e o mau desempenho da educação. Mas as buscas da Polícia Federal na casa de Zito por conta da "privatização" das unidades de saúde do município foi a gota d’água para muitos.

Por medo, vizinhos e funcionários da prefeitura não gostam de se identificar quando falam de Zito. Mas todos reclamaram da ausência do prefeito num momento em que mais precisavam dele — Zito governa a cidade pela terceira vez, mas não foi reeleito para novo mandato.

Uma equipe do EXTRA foi procurar o prefeito para saber qual a sua resposta para os mais de 600 mil eleitores do município sobre as denúncias em que está envolvido. A primeira parada foi na Rua Alferi, no bairro Doutor Laureano, casa de Zito. Na quinta-feira, a Polícia Federal cercou o imóvel em busca de documentos que possam ajudar uma investigação sobre o repasses de quase R$ 700 milhões para organizações que operam sete unidades de saúde do município.

Ontem, às 14h30m, Zito também não estava em casa. Um caseiro atendeu a porta e disse que ele nem tinha dormido por lá. Perguntado se o prefeito iria voltar para casa, o funcionário disse que não.
Vizinhos contam que Zito só foi visto na segunda-feira.
— Ele chegou, entrou em casa, ficou 15 minutos e foi embora — disse o morador.
— Essa casa é só fachada, ele só ficou aqui na época da eleição. Depois que perdeu, nunca mais apareceu — afirmou outro morador.
Ainda resta ao prefeito cumprir uma semana de mandato. Por isso, ele também foi procurado na prefeitura, a 11km da sua casa.

A reportagem chegou ao local às 16h20m. O porteiro informou que o expediente havia terminado. O funcionário afirmou ainda que o prefeito não apareceu durante a semana e "possivelmente, não virá na próxima".

Justiça diz que Saúde foi ‘quarteirizada’
A devassa feita pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) nos contratos entre a Prefeitura de Caxias e duas organizações que administram os serviços de saúde no município revelam o desperdício de recursos públicos e a ilegalidade de algumas transações. É o caso da administração direta de seis unidades pré-hospitalares e ambulatoriais e um hospital pela ONG Salute Sociale.

Não existe qualquer contrato entre essa organização e a prefeitura, o que é ilegal. Ela foi contratada, num sistema de quarteirização, pela empresa terceirizada Associação Marca (A Marca). Além desta empresa, participou da privatização da administração da saúde o Instituto de Gestão em Políticas Públicas (IGEPP).

Os termos firmados com as duas empresas representam uma despesa de mais de R$ 700 milhões. Segundo a decisão do juiz Osair Victor de Oliveira Junior, da 1 Vara Federal de Duque de Caxias, "aparentemente, os termos de parceria haviam sido firmados de forma autônoma", mas, durante as investigações, "foi descoberta a relação entre as organizações contratadas, o que demonstrou o esquema fraudulento, cujo objetivo era o desvio de dinheiro público".

O contrato firmado com A Marca previa repasses mensais de R$ 8,8 milhões. Segundo cálculos da Secretaria municipal de Saúde, o custo mensal das unidades atendidas pela empresa é de R$ 5 milhões, além de R$ 7 milhões para recuperação.

Segundo vistorias dos Ministérios Públicos estadual e Federal, no entanto, os problemas enfrentados eram de fácil solução e não demandavam grandes investimentos financeiros. O relatório dos MPs chega a afirmar: "Uma boa orientação dos diretores das unidades por parte do coordenador de Vigilância Sanitária ou do próprio secretário de Saúde já seria suficiente para resolver 80% das deficiências descritas". Assim, o valor de R$ 7 milhões, se mostra, segundo a Justiça Federal, excessivo.
O EXTRA não conseguiu contato com as empresas.
Fonte: Extra Online

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