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Depois das eleições, cidades em que prefeitos saíram derrotados veem serviços piorarem.

Uma cidade, literalmente, entregue às moscas. Essa é a impressão que dá ao circular pelas ruas de Duque de Caxias, onde montes de lixo se acumulam a cada esquina, atraem insetos e espalham mau cheiro. No município, a queixa recorrente é de que, após as eleições de outubro, serviços que já eram deficientes, como a coleta de lixo, pioraram. Realidade que se exacerba em Caxias, onde o prefeito José Camilo Zito (PP) não se reelegeu. Mas que se repete em várias cidades do Rio, coincidência ou não, em que os atuais grupos políticos no poder tampouco conseguiram a reeleição ou não elegeram seus sucessores.

O lixo acumulado em ponte perto da Igreja Nossa Senhora do Pilar, em Duque de Caxias
Nem um dos símbolos de Duque de Caxias, a tombada Igreja Nossa Senhora do Pilar, escapou das consequências de um conturbado fim de mandato. Bem em frente à construção, de 1720, trecho da ponte sobre o Rio Pilar virou uma lixeira. A principal avenida da cidade, a Presidente Kennedy, tem vazadouros de lixo em quase toda sua extensão. E, no Centro, a sujeira toma ruas movimentadas, como o entorno do Centro Cultural Oscar Niemeyer. Tanto que, na última quinta-feira, a 6ª Vara Cível da cidade determinou que o município regularize a coleta de lixo de imediato, sob pena de multa diária de R$ 50 mil a ser paga pelo próprio Zito.

Os problemas, contudo, não param por aí. A Praça Humaitá, no bairro 25 de Agosto, passou anos em obras. Ganhou academia de ginástica pública com professor e um trailer da guarda municipal. Mas, agora, a academia está trancada, com os equipamentos sem uso expostos ao tempo. E o trailer da guarda não está mais lá. Para reforçar que a maré não anda boa para o caxiense, até o site da prefeitura está fora do ar, em manutenção.
— Sinto como se estivesse numa cidade abandonada — diz a moradora Ana Oliveira.

Na Baixada, falta merenda e sobra lixo nas ruas
O fim do ano letivo junto com o término de mandatos tem sido uma combinação prejudicial a alunos de escolas municipais em pelo menos três cidades da Baixada Fluminense. Sem merenda e, às vezes, material didático, 2012 está terminando de forma precária em colégios municipais de Duque de Caxias, Belford Roxo e Nova Iguaçu. Em Belford Roxo, onde o prefeito Alcides Rolim (PT) perdeu nas eleições de outubro, até folha de papel para as provas finais estão em falta, contam professores. Já em Nova Iguaçu, em que Sheila Gama (PDT) não se reelegeu, estudantes estão tendo que ser liberados mais cedo devido à falta de merenda. Carência que atinge escolas como a Julio Rabello Guimarães e a João Manuel Gonçalves, mas que se estende a quase toda a rede da prefeitura, de 126 colégios, relata Leila da Silva Xavier, diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) no município:

— Sempre falta merenda. Mas, agora, no final do mandato, a situação está muito complicada. Onde há aulas em horário integral, os alunos vão embora mais cedo.

Porcos reviram detritos
Em Belford Roxo, além da falta de merenda, os moradores têm vivenciado problemas parecidos com a vizinha Caxias na coleta de lixo. Mesmo em ruas principais, há dejetos por todos os lados. E, assim como em Caxias, é possível ver porcos revirando os detritos.

Apesar das queixas dos moradores se multiplicarem, a prefeitura de Belford Roxo não respondeu às tentativas de contato do GLOBO, nem por telefone, nem por email. Já a de Duque de Caxias, a despeito da sujeira flagrante nas ruas, afirmou que a coleta de lixo domiciliar está sendo normalizada. Segundo o município, o serviço — prestado pela Locanty, a mesma de Belford Roxo e que está sendo investigada pelo Ministério Público — conta com cem caminhões, que recolhem cerca de 2 mil toneladas de lixo por dia. A prefeitura admitiu, porém, que um dos seus principais problemas tem sido o lixo extraordinário, como entulho. E, sobre a academia da Praça Humaitá, afirmou que a atividade era oferecida em parceria com uma empresa particular, e o convênio se encerrou.

Já Nova Iguaçu reconheceu problemas na distribuição da merenda. Segundo o município, o contrato de fornecimento de alimento às escolas terminou em outubro passado. Devido à transição, não poderia haver uma nova licitação e foi assinado um contrato emergencial para fornecimento até o fim do ano.
Fonte: Extra Online/G1

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